Inflação continua crescendo, porém, em ritmo mais lento. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial da inflação brasileira, ficou em 0,90% em fevereiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice ficou abaixo da taxa de janeiro (1,27%) em 0,37 ponto percentual (p.p.). No ano, o índice acumulou 2,18%, inferior aos 2,48% acumulados em igual período de 2015. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira.
Segundo o levantamento, nos últimos doze meses o acumulado ficou em 10,36%, abaixo dos 10,71% dos doze meses imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2015 o IPCA foi de 1,22%. Embora a inflação oficial no país tenha desacelerado na passagem de janeiro para fevereiro, o nível de reajustes de preços continua elevado, avaliou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. "Foi um recuo bastante significativo, ainda mais se observarmos que fevereiro é o mês em que é apropriado o reajuste das mensalidades da educação", ponderou Eulina.
Ela observa que a alta nos preços continua grande. "Mas não significa que os preços caíram. O nível de reajustes nos preços continua alto", classificou. "Aliviou a aceleração (na inflação). Não aliviou o custo de vida, que continua subindo, só que menos do que quando a gente compara com mês anterior", explicou a coordenadora do IBGE. "Várias regiões estão acima dos 10%. Significa que o custo de vida aumentou, ainda que tenha havido desaceleração dos preços de janeiro para fevereiro", disse Eulina.
Considerando os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, a maior variação ficou com educação, que atingiu 5,90%. Os números refletem os reajustes praticados no início do ano letivo. À exceção de Fortaleza, que não apresentou aumento em virtude de diferença na data de reajuste, nas demais regiões as variações dos cursos regulares situaram-se entre os 3,99% da região metropolitana de Recife e os 10,88% do Rio de Janeiro. Nas mensalidades dos cursos diversos (idioma, informática, etc.), a variação foi de 5,53%. Educação (5,90% e 0,27 p.p. de contribuição), além de alimentação e bebidas (1,06% e contribuição também de 0,27 p.p.), foram responsáveis por 60% do IPCA do mês, ou 0,54 p.p..
Em fevereiro, os preços dos alimentos (1,06%) continuaram subindo, embora menos do que em janeiro (2,28%). A cenoura (23,79%) e farinha de mandioca (11,40%) são destaques de alta entre os alimentos. Já o tomate (-12,63%) e a batata-inglesa (-5,70%) caíram de preço.
A queda nas contas de energia elétrica (-2,16%) aliviou o bolso do consumidor e levou o grupo habitação para -0,15%, sendo a principal contribuição negativa (-0,09 p.p.). Isso se deve à diminuição do valor da bandeira tarifária vermelha, que passou de R$ 4,50 para R$ 3,00 por cada 100 kilowatts-hora consumidos, a partir de 1º de fevereiro. Já na taxa de água e esgoto, a alta foi a 1,72%.
Nos demais grupos, os destaques foram: TV por assinatura e internet (7,86%); TV, som e informática (2,80%); artigos de higiene pessoal (1,90%); conserto e manutenção (1,90%); cigarro (1,89%); eletrodomésticos (1,50%); plano de saúde (1,06%); serviços médicos e dentários (0,76%); cabeleireiro (0,70%). O cigarro (1,89%) refletiu reajustes ocorridos em determinadas marcas e regiões, além de redução nos preços.
Quanto aos índices regionais, o maior foi o da região metropolitana de Salvador (1,41%), destacando-se a alta de 2,55% nos preços dos alimentos. O menor foi o da região metropolitana de Vitória (0,28%), onde os alimentos ficaram em 0,36%, bem abaixo da média nacional (1,06%).
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.