Brasília - Presente em evento que comemora os 30 anos do Tesouro Nacional, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa fez, nesta quinta-feira um discurso defendendo a adoção de medidas de estabilização da economia no curto prazo e de reformas de longo prazo propostas por ele. Barbosa tentou descolar sua política econômica do modelo de estímulo adotado pelo governo petista nos últimos anos. Ele ressaltou a necessidade de redução da inflação e do equilíbrio fiscal para a recuperação do crescimento e fez uma crítica às ações adotadas no passado recente.
O ministro admitiu que a situação é "desafiadora" e lembrou que o mercado prevê redução da atividade econômica pelo segundo ano consecutivo, o que não acontece desde a grande depressão de 1930. Para Barbosa, há sinais de estabilização em alguns setores, mas a perspectiva é de que economia se estabilize no terceiro trimestre deste ano.
Barbosa ressaltou que a situação requer medidas não usuais e tem que ser enfrentada com "realismo, urgência e serenidade". "O governo deve ser agente de estabilização, de redução da volatilidade", acrescentou. "Devemos ter ousadia com responsabilidade de forma consistente e duradoura", concluiu.
Papel do Tesouro
Também no evento, o secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, destacou o papel da instituição para o momento atual da economia brasileira. "O desafio da economia brasileira exige de nós atuação segura e alinhada às melhores práticas", afirmou, na abertura do seminário "Tesouro 30 anos", em homenagem ao aniversário do órgão.
Ladeira destacou a reestruturação interna feita no órgão recentemente, com a criação de comitês para análises do cumprimento da meta e outros temas. Ele lembrou a história do órgão, que passou a ser responsável pela contabilidade pública com a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em 2000, e se emocionou ao anunciar a criação da medalha "Fábio Barbosa", em homenagem ao ex-secretário que morreu em novembro do ano passado, que será entregue a servidores do órgão. "O Tesouro é a minha casa há 22 anos", ressaltou.
Equilíbrio fiscal
Ladeira também citou seu antecessor, Marcelo Saintive, e afirmou que "o sábio se equilibra no caos e que é no caos que nós avançamos". Na avaliação de Ladeira, é preciso buscar o equilíbrio fiscal, a transparência e a qualidade do gasto na avaliação de políticas públicas.
Com um cenário econômico difícil, o secretário lembrou que o Brasil passará por dois anos seguidos com PIB próximo a -3%. Ele disse ainda que, às vezes, a rede de proteção social não deixa perceber tanto o efeito dessa desaceleração, mas frisou a gravidade da situação.
Entre as ações do Tesouro desde que assumiu a secretaria, Ladeira reafirmou a negociação das dívidas dos Estados. Ele tem discutido com os secretários de Fazenda e governadores um alongamento da dívida. Em contrapartida, os Estados precisarão criar uma LRF Estadual. A intenção do Tesouro é enviar um desenho para essa lei e para um programa de avaliação do gasto público.