Brasília – O Banco Central (BC) montou uma operação de guerra para evitar uma forte oscilação do dólar no pregão de hoje e usará todos instrumentos a sua disposição para intervir no mercado cambial. A autoridade monetária oferecerá US$ 3 bilhões em leilões de linha, três mil contratos para compra da divisa-norte americana no mercado futuro, que eqüivalem a US$ 150 milhões, e outros 2 mil contratos de venda da moeda, que correspondem a US$ 100 milhões.
A possibilidade de deleção premiada de Marcelo Odebrecht também levou os analistas a temerem uma demora maior para o fim da crise política, já que suas revelações podem envolver políticos governistas e oposicionistas. Muitos apontam que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff deve ocorrer, mas muitos questionam quanto tempo durará até que os parlamentares decidam pelo afastamento da chefe do Executivo.
As incertezas políticas também levaram a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) terminar o pregão em queda de 2,59%, aos 49.690 pontos. Os juros futuros também tiveram alta, apesar de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ter registrado elevação menor do que a esperada, de 0,43%. O DI para janeiro de 2017 passou de 13,71% para 13,74%. Já o janeiro de 2018 subiu de 13,31% para 13,41% e as taxas para janeiro de 2021 tiveram ala de 13,61% para 13,84%.
O economista-chefe da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, afirmou que o BC está atuando para reduzir a volatilidade do mercado cambial. Conforme ele, a autoridade monetária aumentou as intervenções no início da semana temendo uma queda brusca no preço do dólar que poderia inviabilizar o ajuste nas contas externas e no avanço das exportações. “Agora o BC quer segurar o câmbio para que não explora em meio a crise política”, comentou.
Inflação
A carestia começa a dar sinais mais claros de trégua. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de março – considerado a prévia da inflação oficial – subiu 0,43%, ante 1,42% em fevereiro e 1,24%no mesmo mês de 2015. Foi a menor taxa para o mês analisado desde 2012, quando o indicador subiu 0,25%, divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o custo de vida em 12 meses registrou alta de 9,95%. É a primeira vez desde novembro do ano passado que a taxa fica abaixo dos dois dígitos. No acumulado do ano, o avanço foi de 2,79%. A forte desaceleração do IPCA-15 reflete o recuo dos preços de alguns alimentos e a mudança do sistema de bandeiras tarifárias da conta de luz de vermelha para amarela.