Em meio a um cenário de recessão, as empresas cortaram de forma mais intensa os postos de trabalho em fevereiro, período já marcado pelas tradicionais dispensas de trabalhadores temporários contratados para reforçar as vendas de fim de ano. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o desemprego atingiu 7,2% no mês passado, alta de 2,3 pontos percentuais em relação a fevereiro de 2015 (4,9%). Houve aumento também em relação a janeiro último, quando a taxa era de 6,9%, informou, ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O desemprego no país não apresentou surpresas. A Região Metropolitana de BH se mantém abaixo da média nacional e a desocupação tem crescido mais no Nordeste e em São Paulo", diz Antonio Braz de Oliveira e Silva, analista do IBGE em Minas. O número de desempregados na Grande BH, estimado em 176 mil, permaneceu estável no mês e aumentou 41,2% na comparação anual. No país, estão nessa situação 2 milhões de pessoas, universo 7,2% superior ao de janeiro, ou seja, 136 mil pessoas a mais. Em relação a fevereiro de 2015, no entanto, o crescimento da população desocupada foi de 39%, o que significa que mais 565 mil pessoas ficaram sem trabalho.
O contingente de pessoas ocupadas fechou fevereiro em 22,6 milhões de trabalhadores no conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas. Houve declínio tanto na comparação mensal, de 1,9%, (428 mil pessoas a menos), quanto em relação a fevereiro de 2015, de 3,6%, quer dizer, menos 842 mil pessoas.
O aumento das demissões no comércio foi o principal fator que explica a alta na taxa de desemprego na passagem de janeiro para fevereiro. A PME apontou queda de 3,9% na ocupação do setor em fevereiro ante janeiro, com redução de 177 mil pessoas na população ocupada na atividade. Na Grande BH, o comércio demitiu 13 mil pessoas em fevereiro, queda de 2,7% em relação a janeiro deste ano. Segundo Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, essa foi a maior queda, na comparação mensal, no setor para o mês analisado desde o início da série da PME, em 2002. As demissões dos temporários pode ter se concentrado no período. Os salários, por sua vez, de quem continuou empregado encolheram. Na Grande BH, a renda foi estimada em R$ 2.073,40 em fevereiro, acréscimo de 2,5% frente a janeiro e queda de 6,8% na comparação anual. Os trabalhadores por conta amargaram a maior redução no rendimento médio real, descontada a inflação, dos trabalhadores. Eles receberam 13,2% menos ante fevereiro de 2015, enquanto os empregados da indústria tiveram perda de renda de 8,6%. A PME de fevereiro foi a última divulgada pelo IBGE, que substituirá o levantamento pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), que se estende por 3.464 municípios. (Com agências)