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Estado de Minas

Indústria mineira prevê 3º ciclo no vermelho em 2016

Recuperação do setor em Minas deve demorar, com forte recuo das vendas das fábricas, de 17,3% no primeiro bimestre, puxado pelos segmentos automotivo e de máquinas


postado em 01/04/2016 06:00 / atualizado em 01/04/2016 07:12

Fábricas demitiram 3.156 pessoas entre janeiro e fevereiro, quando na mesma época de 2015 geraram 4,6 mil vagas(foto: Vera Godoy/EM/D.A Press - 14/3/01)
Fábricas demitiram 3.156 pessoas entre janeiro e fevereiro, quando na mesma época de 2015 geraram 4,6 mil vagas (foto: Vera Godoy/EM/D.A Press - 14/3/01)

Com ociosidade elevada, diante da retração da economia, o faturamento real da indústria mineira mostrou sua segunda queda mensal em fevereiro, ao recuar 2,5% na comparação com janeiro. Em relação a fevereiro do ano passado, a baixa foi intensa, de 14,7%, e no acumulado do primeiro bimestre, ante idêntico período de 2015, alcançou 17,3%, informou ontem a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Ainda no balanço de fevereiro, comparado ao mesmo mês de 2015, o quadro geral de empregados do setor diminuiu 11,6% e o rendimento médio real, descontada a inflação, recuou 4%.

Os dados indicam que 2016 será um ano de queda nas vendas da indústria do estado e que o processo de recuperação deve demorar bem mais tempo do que se esperava. As fábricas de todo o país devem completar três anos no vermelho. Para 2016, a projeção para a produção industrial é de queda de 2,7%. “A crise pela sua própria longevidade acaba arrastando todos os setores. Mesmo que haja empresas com dados positivos, não existe equilíbrio na indústria", lamentou Lincoln Gonçalves Fernandes, presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg. Em 2015, o faturamento das fábricas mineiras caiu 15,9%, pior resultado em oito anos. Em janeiro último, na comparação com igual mês do ano anterior, também houve recuo de 20,6%.

Ao divulgar, ainda ontem, dados sobre o comportamento da indústria nacional, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) confirmou que a atividade industrial continua fraca, com piora adicional dos indicadores do mercado de trabalho do setor em fevereiro. Os dados da pesquisa mostram que o setor operou, em fevereiro, com média de 77,6% de sua capacidade instalada de produção, o que representa alta de 0,5 ponto porcentual frente a janeiro, quando atingiu 77,1%, na série dessazonalizada de dados. Apesar da evolução positiva, o nível de operação das fábricas está 2,2 pontos porcentuais abaixo da observada em fevereiro de 2015 (79,8%) e 4,9 pontos porcentuais abaixo da média histórica.

Em Minas, a Fiemg verificou ligeiro aumento do ritmo de produção das fábricas, de 0,5 ponto percentual em janeiro, quando a o nível de operação alcançou 81,5% da capacidade instalada. A variação, contudo, foi insuficiente para mudar a curva de baixa do índice, que, na comparação anual, foi de 1,6 ponto percentual, complementando o 16º mês consecutivo em queda.

Lincoln Fernandes ressalta que as expectativas pioraram e 2016 pode ser um ano crítico com um quadro agudo de desemprego. Entre janeiro e fevereiro, a indústria mineira demitiu 3.156 pessoas. No mesmo período do ano passado, o setor gerou 4.601 postos. “O resultado só não é pior porquê alguns setores tiveram balanços positivos, caso da indústria extrativa, influenciada pela valorização do minério de ferro no mercado internacional", disse.

O gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, reforça que é difícil prever reversão do quadro de recessão da indústria, principalmente em razão da situação de instabilidade política por que passa o país. “Esse aspecto soma-se às dificuldades tradicionais, a uma forte crise fiscal, à perda da capacidade de compra das famílias e à baixa intenção de investir, causada tanto pelo baixo uso da capacidade instalada do setor quanto pela falta de confiança. Toda a economia está sob domínio da política e espera uma solução para o quadro geral do país”, afirma.

EFEITO GENERALIZADO O ramo de produtos de metal, principal responsável pelo mau desempenho da atividade fabril em fevereiro, amargou queda de 51,1% frente a janeiro deste ano, decorrente do recuo nas vendas de estruturas metálicas para o mercado interno. Na avaliação da economista da Fiemg Érika Amaral, a redução observada se deve à base de comparação muito forte em relação a janeiro. “É um produto de grande valor agregado e em janeiro houve encomendas e entregas significativas, o que elevou a base de comparação do setor naquele mês”, disse.

Houve baixa, também, no faturamento no setor de veículos automotores, cuja baixa foi de 23,2% no mesmo período, mantendo o patamar de queda dos últimos meses, reflexo da retração do consumo das famílias, em razão do orçamento apertado, e das medidas de corte de produção para se adequar à demanda menor. A diminuição do pessoal ocupado (1,3%) é justificada pela concessão de férias coletivas e as paradas técnicas.

O agravamento da crise e, consequentemente, a queda no consumo afetaram o setor de bebidas. A receita do segmento decresceu 5,1% no mesmo comparativo. Um dos motivos foi a redução da produção, além do aumento da tributação, o que teria obrigado as empresas a reajustar seus produtos.

Por outro lado, o setor de produtos químicos registrou aumento de 28,8% no faturamento no segundo mês do ano em relação ao mesmo do exercício anterior. A elevação se deve ao aumento da demanda das empresas de fertilizantes, atendendo ao período de safra de algumas lavouras. O setor têxtil também se destacou, com alta de 25,5% no período. Houve incremento de 0,6% no emprego, reflexo da retomada das atividades após férias coletivas concedidas em janeiro. No setor, as horas trabalhadas aumentaram em 7,6% no mês. (Com agências)

Cerveja no menor nível em 6 anos


São Paulo - A produção de cerveja no Brasil atingiu em março o menor nível para o mês desde 2010, segundo dados prévios da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). Com base nos números do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, a entidade estima que o volume do mês não ultrapassará os 900 milhões de litros, o que representa queda de 18% na comparação com março de 2015.


Se confirmados os cálculos da CervBrasil, a produção da bebida terá registrado no primeiro trimestre de 2016 em torno de 3 bilhões de litros, recuo de 6,7%, ante o mesmo período do ano anterior. Será a maior queda para o primeiro trimestre do ano também desde 2010, período em que a instituição começou a fazer o levantamento de dados.

A retração na produção de cerveja tem acompanhado o movimento de redução no consumo, que afeta sobretudo as vendas em bares, na medida em que as pessoas deixam de consumir alimentos e bebidas fora de casa. Aumentos de impostos estaduais incidentes sobre cerveja contribuíram para elevar os preços do produto num período em que cai a renda disponível dos consumidores.

De acordo com a pesquisa da CNI, o faturamento da indústria em geral aumentou1,6% em fevereiro na comparação com janeiro, na série dessazonalizada, em consequência de efeitos sazonais. Na comparação com fevereiro do ano passado, no entanto, a receita de vendas apresentou queda de 9,9%.

Na avaliação do gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a melhora no faturamento na comparação com o mês anterior deve ser consequência de situações pontuais, como redução dos estoques e aumento das exportações. “Isso se explica porque não houve aumento do ritmo da atividade industrial. No caso das exportações, ocorre principalmente pela desvalorização do real, que leva a uma gradual e pequena recuperação das exportações de produtos manufaturados”, afirma Castelo Branco, em nota divulgada pela CNI.

Emprego e renda
O emprego na indústria brasileira caiu 0,4% no mês passado ante janeiro, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi a 13ª queda mensal consecutiva. Em relação a fevereiro do ano passado, houve corte de 9,4%. As horas trabalhadas também voltaram a cair. A instituição verificou recuo de 1,2% em relação a janeiro, e com isso, as horas trabalhadas acumulam queda de 8,9% com fevereiro de 2015. A massa salarial real – soma de todos os salários, descontada a inflação – caiu 1,1% no mês e o rendimento médio ficou 0,3% mais baixo em relação a janeiro.


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