São Paulo - A inflação de alimentos, que terminou o primeiro trimestre em 4,53%, representou mais de um terço da alta acumulada de 3,07% do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) do período, afirmou nesta sexta-feira, 1º de abril, Paulo Picchetti, coordenador do indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Por isso que digo que temos um choque de preços por causa dos in natura. Há muita volatilidade (mês), mas quando olhamos o acumulado vemos que tem impacto de longo prazo", disse.
Depois de fechar fevereiro em 1,07%, o conjunto de preços de alimentos começou março em 1,08%, foi a 1,14% na segunda leitura, a 1,20% na terceira e desacelerou para 1,15% no fim do mês passado. "Dentro do grupo, tem alguns itens subindo fortemente e alguns ainda caindo. A previsão (de 0,45% para abril) sempre fica na dependência desse grupo", disse.
A despeito do arrefecimento relevante do IPC-S do primeiro trimestre de 2016 (3,07%), ante 4,17% em igual período de 2015, Picchetti ressaltou que o movimento tem influência importante do alívio nos preços administrados neste ano. Porém, a dinâmica desfinflacionária dos administrados é insuficiente para deixar o IPC-S ainda mais baixo, já que o Alimentação continua elevada.
Enquanto os preços administrados acumularam 20,18% em 12 meses até março, a classe de alimentos acumulou 12,77%. O IPC-S, por sua vez, em 12 meses, é de 9,37%. "Basicamente, o IPC-S desacelerou por causa dos administrados. Se desconsideramos esses preços, a inflação ainda fica elevada", disse. Em março, o IPC-S foi de 0,50% (ante 0,68% em fevereiro).
Além do alívio no IPC-S trimestral, Picchetti considerou bem-vinda a desaceleração do indicador em 12 meses, já que vinha avançando nessa base de comparação. "O dado importante é que pela primeira vez desde setembro de 2015 (9,65%) o IPC-S acumulado em 12 meses diminuiu para abaixo de 10%. Felizmente passou a baixar", afirmou.