São Paulo, 07 - O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou nesta quinta-feira, 7, que, na atual conjuntura econômica, "quando ocorrem simultaneamente queda da atividade econômica e inflação ainda elevada", a percepção dos agentes econômicos é naturalmente afetada pelos custos inerentes ao processo de ajustamento. Esses custos, segundo ele, são correntes e mais palpáveis. Com a convergência da inflação para a meta, a situação de incerteza tende a mudar, beneficiando o ambiente macroeconômico.
Tombini ressaltou que os ajustes vêm se materializando e alguns fatores de dinamismo da economia começam a ganhar tração. "Os setores mais expostos à competição internacional já colhem frutos e devem impulsionar a atividade em outros setores, à medida que os efeitos positivos dos ajustes se intensifiquem", ponderou.
"Além disso, o processo de convergência da inflação para a meta, que começa a ser refletido nas expectativas de mercado, ajudará a reduzir a incerteza e ampliará o horizonte de planejamento dos agentes, melhorando assim o ambiente macroeconômico", disse o presidente do BC.
Na avaliação de Tombini, o processo de realinhamento de preços relativos, a despeito dos seus efeitos de curto prazo sobre a inflação, tem aumentado a eficiência na alocação de recursos, condição necessária para a recuperação da produtividade e do crescimento sustentável.
"No curso desse processo, a contribuição do Banco Central se dá não somente pela condução da política monetária, mas também por sua ação para assegurar a solidez do sistema financeiro nacional."
Crédito
Tombini apontou que o desenvolvimento do crédito no Brasil se dá em níveis adequados em relação ao momento econômico do País. "Nesse ambiente de baixa confiança dos tomadores e de incertezas de natureza não econômica, a própria demanda por crédito se retrai", disse. "Por outro lado, o aumento moderado dos índices de inadimplência não representa risco material para o sistema, pois as instituições contam com níveis adequados de provisionamento e o endividamento do setor privado está sendo bem gerenciado, inclusive por meio de renegociações de operações de crédito."
Para Tombini, a solidez do sistema financeiro nacional é um importante fundamento da economia brasileira. "Especialmente relevante neste momento de grandes desafios nos ambientes doméstico e internacional, e numa análise prospectiva, referida solidez será um fator crucial para a recuperação econômica do país."