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Estado de Minas

Mercado sinaliza apoio a possível governo Temer se houver reformas

Empresários, analistas de bancos e corretoras querem medidas para conter déficit e a reestruturação administrativa e da Previdência


postado em 19/04/2016 06:00 / atualizado em 19/04/2016 08:10

Rio de Janeiro, São Paulo e Nova York - O impeachment da presidente Dilma Rousseff é bem visto pelo mercado financeiro e por representantes do setor produtivo em várias áreas, mas não garante a retomada da confiança dos investidores. Para o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini, uma vez aprovado o impedimento de Dilma no Senado, o novo governo teria que se sentar numa roda de negociação com líderes de todos os partidos apoiadores do processo, mostrando coesão em torno de um novo projeto para o país. “Foi isso que o PT não fez e que talvez tenha sido o grande erro deles. O PMDB viu que tem que ser dessa forma”, opinou.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou, ontem, em queda, sob os efeitos do resultado da votação do impeachment na Câmara. Principal indicador das ações mais valorizadas, o Ibovespa encolheu 0,63%, aos 52.894 pontos. Neste mês, houve alta de 5,67% e no ano a bolsa se valorizou 22,02%. O dólar comercial encerrou o pregão cotado a R$ 3,5972, perfazendo aumento de 2,08%.

Um eventual governo Temer também não terá aval sem o anúncio de reformas, ainda na avaliação de Alex Agostini, da Austin Rating. “A sinalização (do impeachment da presidente) tende a ser positiva. O mercado vai dar mais um voto de crédito, mas o governo precisa fazer reformas”, disse o analista. Ele espera medidas focadas na redução da máquina administrativa, do número de secretarias de Estado, de cargos comissionados; soluções para aumentar a arrecadação, a exemplo da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF); reforma de programas sociais, com a criação de formas de monitoramento; e o início da discussão sobre a reforma da Previdência.

A aprovação de reformas estruturais que limitem os gastos públicos, reduzam a rigidez do Orçamento e contenham os desequilíbrios na Previdência são urgentes, da mesma forma, para o representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Otaviano Canuto, e o economista José Márcio Camargo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Eles avalariam, ontem, durante seminário sobre o Brasil organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA em Nova York, que corrigir o desequilíbrio das contas públicas será o principal desafio do país no período posterior à votação do impeachment, seja qual for o resultado da decisão do Senado sobre o futuro de Dilma.

“Precisamos de um choque fiscal”, afirmou o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall. Sua receita foi uma das mais radicais entre as apresentadas durante o seminário: aprovação de reformas constitucionais que estabeleçam teto para os gastos públicos, acabem com a rigidez do Orçamento, eliminem a indexação de aposentadorias e permitam a redução de salários de funcionários públicos estaduais, com a correspondente diminuição da jornada de trabalho.

No varejo, a confiança dos empresários do ramo de supermercados mostra alguns sinais de melhora depois de ter atingido recorde negativo em janeiro deste ano, de acordo com a Associação Paulista de Supermercados (Apas). O gerente de Economia e Pesquisa da entidade, Rodrigo Mariano, considera que o efeito está associado ao cenário político e ao andamento do processo impeachment da presidente Dilma, mas pondera que a sustentação de patamares maiores de otimismo só vai ocorrer se forem anunciadas mudanças na condução da política econômica.

Depois de atingir 72% de pessimismo em janeiro, mais alto nível da série histórica desde 2011, a Pesquisa de Confiança dos Supermercados registrou queda para 65% em fevereiro. O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, afirmou, por sua vez, que o setor tem “boa impressão” em relação à figura do vice-presidente Michel Temer. “Ele é o oposto da Dilma. Acho que, com ele, a relação entre Congresso e Executivo vai melhorar muito”.

Programas sociais O eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff pode ter impacto direto no programa habitacional Minha casa, minha vida, de subsídio a moradias populares. Executivos que atuam no segmento de baixa renda acreditam que a possível chegada de um novo governo pode resultar no congelamento de parte da iniciativa, que já entregou 2,6 milhões de residências desde 2009. Alguns agentes, que preferem não se identificar, estão considerando reter investimentos até que haja sinal claro sobre a continuidade do benefício.

Inflação independente
Com ou sem aprovação do Senado à abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a inflação deve continuar desacelerando no Brasil, avalia o superintendente-adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, uma mudança de governo pouco deve influenciar a dinâmica de preços, que já tem sido mais benéfica nas últimas semanas. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, projeta inflação de 7,5% neste ano. “A inflação pode até ser ajudada por algum efeito de expectativas, mas ela também tem a sua inércia, não é tão flexível”, afirmou Quadros. “Além disso, os juros dependem do comportamento da inflação. Ninguém vai mexer muito em muita coisa.”


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