São Paulo – A sexta-feira foi de queda do mercado de câmbio. O dólar comercial (referência nas transações internacionais) fechou em baixa de 1,44%, cotado a R$ 3,440, o menor valor desde julho de 2015. Já na cotação à vista (referência no mercado financeiro) a moeda dos Estados Unidos fechou em baixa de 1,57%, cotado a R$ 3,4374, também o mais baixo em nove meses. A moeda norte-americana recuou mesmo com a realização de quatro leilões de swap cambial reverso (venda de contratos de câmbio para instituições financeiras) feitos pelo Banco Central, na tentativa de conter as cotações. Na semana, o dólar teve desvalorização de 3,65%. No mês de abril, a moeda dos EUA recuou 4,34% e, em 2016, acumula queda de 12,86%.
O dólar foi pressionado pela atuação de investidores vendidos no mercado futuro (que apostam na baixa), de olho na formação da taxa média de fim de mês, e pelo recuo do dólar também no exterior. Só que o movimento no Brasil foi mais intenso que o visto lá fora, em função da perspectiva positiva em torno de um futuro governo Michel Temer. No exterior, o dólar tocou o menor valor ante o iene em 18 meses ontem, com os investidores ainda digerindo a decisão de política monetária do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês). No fim da tarde, em Nova York, o dólar caía para 106,43 ienes, ante 108,03 ienes na quinta-feira.
O dólar tem operado em queda no exterior desde quarta-feira, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) manteve inalterada sua política monetária e sublinhou a sua perspectiva cautelosa sobre a economia. Dados fracos dos EUA, divulgados posteriormente, alimentaram essa visão. Ontem, o Departamento do Comércio informou que o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,5% na taxa anualizada, abaixo dos +0,7% previstos pelo mercado.
Com o dólar perdendo força em relação ao real, o Banco Central voltou a intervir no mercado com leilão de contratos. Na primeira operação com swaps reversos do dia, o BC acabou colocando apenas 9.600 contratos (US$ 541 milhões) dos 20.000 oferecidos. E o dólar começou a marcar mínimas ante o real. Isso fez o Banco Central agir de novo. A instituição convocou para as 10h30 novo leilão de swap reverso, de 10.400 contratos (US$ 520 milhões). Novamente, vendeu menos que o ofertado: apenas 3.000 contratos (R$ 150 milhões).
Com a pressão dos “vendidos”, o recuo do dólar no exterior e o relativo insucesso do BC, o dólar à vista marcou a mínima de R$ 3,4301 (-1,78%). Após a mínima do dia, o BC ainda voltou ao mercado duas vezes com swap reverso: ofertou 20.000 contratos (US$ 1 bilhão) às 11h30 com a venda de 16.000 contratos (US$ 800 milhões); ofereceu 4 000 contratos (US$ 200 milhões) e vendeu a totalidade. Em todo o dia, o BC retirou do sistema, por meio desses leilões, US$ 1,630 bilhão. Mesmo assim, o dólar voltou a cair.
Bolsa recua O cenário internacional desfavorável e alguns balanços corporativos aquém do esperado fizeram a Bovespa fechar em baixa de 0,74% ontem, aos 53.910,50 pontos. A queda foi atribuída a uma realização de lucros, uma vez que diversas ações acumulavam ganhos recentes. O volume de negócios totalizou R$ 9,04 bilhões. O Índice Bovespa chegou a ensaiar uma alta pela manhã, mas perdeu fôlego