(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Desafio do governo Temer é vencer desemprego e queda do consumo

Desemprego recorde em 21 dos 27 estados, menor nível de consumo desde 2010 e a queda de 9,71% da arrecadação federal agravam os problemas que o governo Temer vai enfrentar


postado em 20/05/2016 06:00 / atualizado em 20/05/2016 09:33

Agência de emprego no Centro de BH: desemprego em Minas é afetado, em especial, pelo baque que a indústria vive(foto: Gladyston Rodrigues/WEM/D.A Press - 19/2/16)
Agência de emprego no Centro de BH: desemprego em Minas é afetado, em especial, pelo baque que a indústria vive (foto: Gladyston Rodrigues/WEM/D.A Press - 19/2/16)

Novos indicadores vitais da economia divulgados ontem indicam o agravamento da crise e a dimensão maior do que se imaginava dos desafios que o governo do presidente em exercício Michel Temer têm pela frente. O desemprego bateu recorde em 21 estados, neste ano, resultando em baixa do consumo e no menor nível de intenção de gastos das famílias desde 2010. Os dois fatores explicam também a queda de 9,71% da arrecadação de impostos e contribuições federais de janeiro a abril, ante a receita apurada no mesmo período do ano passado.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem as maiores taxas de desocupação da série de dados apurados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua em 21 das 27 unidades da federação. A Bahia é o estado com o maior proporção de desempregados, influenciado a taxa da região Nordeste. Entre o último trimestre de 2015 e o período de janeiro a março de 2016, o desemprego naquele estado passou de 12,2% para 15,5% da População Economicamente Ativa (PEA, o conjunto de pessoas ocupadas e em busca de trabalho). A Bahia ultrapassou o Amapá, que nesse mesmo período viu o desemprego sair de 12,7% para 14,3%.

Em Minas Gerais, o desemprego aumentou de 9,3% para 11,1% no primeiro trimestre deste ano, afetando 1,2 milhão de pessoas. A desocupação no estado superou a média registrada no Brasil, de 10,9%. Os dados nacionais já haviam sido divulgados em abril pelo IBGE, que ontem detalhou as informações por grandes regiões do país. O número de desempregados no Brasil está estimado em 11,1 milhões.

“O mercado de trabalho está vinculado ao desempenho da economia e está sendo afetado pela situação econômica atual”, comenta o economista e analista do IBGE Gustavo Fontes. Ele também acredita que a situação mineira tem ligações com a importância do estado para o setor industrial. “Os números podem ser reflexo da crise do setor produtivo”, observa.

O impacto do alto nível de desocupação é inevitável no consumo. Pesquisa também divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revela queda de 8,7% em maio, perante abril, do nível de consumo das famílias brasileiras. A maior parte, ou seja, 65,9% estão comprando menos do que em igual período do ano passado. Outro indicador do estudo, a Intenção de Consumo das Famílias (Icei) retraiu 4,6% em maio, para 69,9 pontos. Desde o início da série de dados em janeiro de 2010 esse foi o nível mínimo histórico.

Além da elevação do desemprego, o recuo dos rendimentos contribui para o cenário de restrição do consumo. A PNAD Contínua apurou renda habitual real do trabalho, ou seja, descontada a inflação, de R$ 1.996 em média no primeiro trimestre deste ano, perante vencimentos de R$ 2.031 entre outubro e dezembro de 2015. Com a turbulência na economia, a União arrecada menos, num momento em que o país necessita cobrir o rombo das contas públicas. A estimativa de déficit fiscal neste ano deverá ser conhecida até segunda-feira.

A equipe econômica comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, terá de administrar queda real (descontada a inflação) de 7,91% da arrecadação da Receita Federal apurada de janeiro a abril. O recolhimento de impostos e contribuições federais somou R$ 423,909 bilhões, menor valor para o período desde 2010.Quando analisado apenas o mês passado, arrecadação federal foi de R$ 110,895 bilhões, recuo real de 7,1% na comparação com o mesmo mês de 2015. Em relação a março, houve alta 15,08%, ainda assim o pior desempenho para meses de abril desde 2010.

RECUO GERAL De acordo a pesquisa da CNC, outros componentes ligados ao consumo também recuaram, com destaque para as compras a prazo (-5,6% em maio ante abril) e perspectiva de consumo (-4,0%). A economista da CNC Juliana Serapio afirmou que além da alta taxa de desemprego, o elevado custo do crédito e o alto nível de endividamento das famílias brasileiras são os principais motivadores da queda na intenção de compras parceladas. Com 42,9 pontos, o componente momento para bens duráveis recuou 3,7% ante abril. Ainda segundo a CNC, 75,7% consideram o momento atual desfavorável para aquisição desse tipo de bem, normalmente mais caro.

Pelos dados do IBGE, a indústria foi o setor que mais desempregou em Minas, com redução de 11,4% nas vagas. O analista Gustavo Fontes, do instituto, chama atenção para os serviços de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com queda de 9,8% nas vagas no primeiro trimestre de 2016. “Estamos vendo que, além da indústria, alguns serviços mais modernos fazem parte do grupo com destaque para o desemprego”, avalia.

 

MENOS INVESTIMENTO A intenção de investir dos empresários de micro e pequenos empreendimentos do setor de serviços e do comércio caiu em abril para o menor nível em 12 meses – pior resultado da série histórica iniciada em maio do ano passado, com base em pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com os Indicadores de Demanda por Crédito e de Propensão para Investimentos do Micro e Pequeno Empresário (IDCI-MPE), a intenção caiu de 28,45 pontos em março para 19,96 pontos em abril. Quanto mais os índices se aproximam de 100, maior é a disposição de investir. No total, apenas 13% dos empresários entrevistados estão interessados em promover investimentos.



receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)