São Paulo, 25 - O diretor de Competitividade, Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mario Bernardini, acredita que o dólar será negociado entre R$ 3,70 e R$ 3,80 no final de 2016. Valores abaixo desse patamar, como acontece atualmente, devem afetar a competitividade da indústria brasileira no exterior.
"A entrada de Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda pode ainda levar o dólar a R$ 3,40, o que abortaria qualquer expectativa positiva com relação às exportações do setor. Mas esse efeito vai se dissipar ao longo do tempo. Meirelles não irá resolver os problemas no curto prazo, mas pode encaminhar alguns. E ainda tem o Fed sinalizando que vai aumentar os juros, por isso acredito na valorização do dólar até o final do ano", justificou, em entrevista coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, 25.
O executivo também comentou que o câmbio a R$ 3,60 mal dá para o setor competir no exterior. "Preciso de um dólar a R$ 3,80 ou R$ 4, que seria um patamar indutor para as empresas do setor brigarem lá fora e começarem a fazer o processo de substituição de importação", disse.
Entretanto, será o câmbio que ajudará na retomada do crescimento das exportações do setor. "Embora, em quantidade, já faz uns três meses que há crescimento", ressaltou.
As vendas externas de máquinas e equipamentos em abril somaram US$ 682,46 milhões. O valor é 17,2% inferior à cifra embarcada em março. Na comparação com abril do ano passado, as exportações subiram 11,1% e, no acumulado do ano até abril, a queda foi de 1,3%, totalizando receita de US$ 2,599 bilhões.
Para a inflação, a Abimaq prevê uma taxa de 7% em 2016. Já para a taxa Selic, a entidade espera que ela recue 2,0 pontos porcentuais até o final do ano. No caso do Produto Interno Bruto (PIB), a expectativa indica uma retração em torno de 4% neste ano, seguida por um crescimento de 1,5% em 2017.
Demissões
O quadro de empregados do setor encolheu 0,1% em abril em relação a março, para 308,906 mil trabalhadores. Na comparação com abril do ano passado, o emprego na indústria de máquinas e equipamentos recuou 11,1%. Já no acumulado do primeiro quadrimestre, a taxa caiu 12,4% ante o mesmo período em 2015.
"A tendência é de continuidade de demissões. Mas elas virão agora de fechamento de fábricas, já que as empresas atuantes não têm mais como diminuir seus quadros de funcionários", disse o presidente executivo da Abimaq, José Velloso Dias Cardoso, estimando entre 10 mil a 20 mil o número de cortes de funcionários somente neste ano.