Brasília – No mês passado, o mercado de trabalho formal sofreu mais uma facada. As demissões de trabalhadores com carteira assinada superaram as contratações em 62,84 mil, em abril, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Foi o 13º mês consecutivo de queda no nível do emprego. Em 12 meses encerrados em abril, os desligamentos somam 1,825 milhão. Nos quatro primeiros meses do ano o país já fechou 378.481 postos de trabalho, pior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1992.
Um dos poucos setores que ainda contratam é a agricultura. Em abril, o setor agrícola abriu 8 mil postos de trabalho, enquanto a construção civil, importante termômetro econômico, perdeu 16.036 vagas de emprego formal. O setor de comércio ainda é o que mais demite no país em meio à crise econômica e ao fechamento de lojas. O segmento eliminou 30.507 vagas no mês passado. A indústria da transformação também demitiu 15.982 trabalhadores com carteira assinada em abril. E no setor de serviços as baixas foram de 9.937.
No cenário de demissões, o Nordeste é a região que mais perdeu postos de trabalho no mês passado. Em abril, a região fechou quase 26 mil vagas. Só o Centro-Oeste continua contratando. A região abriu 4 mil vagas formais de trabalho no último mês.
Apesar de negativo, os dados indicam que o ritmo das demissões está começando a cair, segundo o especialista Rodolfo Torelly, do site especializado Trabalho Hoje. Ele mencionou que o resultado de abril ficou abaixo do registrado em janeiro, quando foram fechadas 99.694 vagas; de fevereiro, que teve saldo negativo de 104.582 postos e de março, que registrou outros 118.776 desligamentos. “Ainda não dá para comemorar, mas o resultado pode indicar uma mudança de curva. Vamos esperar o próximo mês”, afirmou o especialista.
O novo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira (PDT-RS),espera resultados melhores a partir de julho. Para especialistas, ajustes já realizados pelos empregadores com a crise na economia e início de reversão de expectativas podem ter influído no resultado.
ÂNCORA VERDE
A justificativa para o setor agrícola segurar as contratações formais está em seus resultados ainda positivos. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio subiu 0,6% no país em fevereiro, segundo cálculos realizados em conjunto pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) e divulgados ontem. Nos primeiros dois meses do ano, o indicador acumula alta de 1,09%.
Em comunicado, a CNA destacou que o resultado do mês foi determinado pela alta de 0,9% do PIB da cadeia produtiva da agricultura, chegando a 1,62% no acumulado de 2016 (janeiro/fevereiro). Já o desempenho da pecuária, de modo geral, foi negativo, com queda de 0,03% em fevereiro e retração de 0,06% nos primeiros dois meses do ano. As contas da CNA e do Cepea mostram que o PIB do setor primário da agricultura aumentou 2,10% no bimestre. Mas os avanços foram generalizados. No acumulado do ano, os setores de serviços, indústria e insumos da produção vegetal subiram 1,63%, 1,45% e 1,09%, respectivamente.