São Paulo – O grupo japonês Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation (NSSMC), que divide com a ítalo-argentina Ternium/Techint o controle da Usiminas, informou ontem, por meio de nota, que vai pedir a nulidade da eleição de Sérgio Leite para a presidência da siderúrgica mineira, no lugar de Rômel Erwin de Souza. A substituição, definida em reunião do Conselho de Administração da companhia na quarta-feira, não cumpriu, no entendimento da NSSMC, o acordo de acionistas, já que a indicação não ocorreu após seu consentimento prévio, destacou no comunicado. O acionista afirmou que vai tomar todas as medidas legais para anular o ato de substituição da presidência.
A reação da Nippon Steel indica nova capítulo da sequência de dificuldades que a siderúrgica vem enfrentando em meio a uma crise interna e à turbulência que afeta os mercados mundial e brasileiro de produtos siderúrgicos. Sérgio Leite foi nomeado para presidir a Usiminas até 2018. Rômel Erwin, executivo de carreira da companhia e da confiança do acionista japonês, assumiu a presidência em setembro de 2014, ainda na interinidade para depois ser confirmado no cargo, como substituto de Julián Eguren, representante da Ternium/Techint, que foi destituído pelo Conselho de Administração, o que abriu um conflito judicial entre os dois principais acionistas.
A nota da Nippon sobre a eleição de Sérgio Leite, que conduzia a vice-presidência comercial da Usiminas, diz que o acordo de acionistas foi desrespeitado. “A Nippon acredita que houve claramente uma violação do acordo de acionistas da Usiminas, que requer consenso prévio entre a Nippon e Ternium para a indicação do presidente e membros da diretoria", destaca a japonesa no comunicado.
Informações apuradas depois da reunião do Conselho de Administração indicam que o placar da votação, que ocorreu em São Paulo, foi de seis votos a três. Teriam votado a favor da troca da presidência os três conselheiros indicados pelas Ternium, o do BTG, o indicado pela Previdência Usiminas e o dos trabalhadores. Os demais foram os dos conselheiros indicados pela Nippon, que já havia se colocado contra a substituição. Os conselheiros indicados pela Companhia Siderúrgica Nacional se abstiveram.
Souza, que é nome de confiança da Nippon, estava no cargo desde setembro de 2014, quando substituiu Julian Eguren, que foi destituído pelo Conselho de Administração também em uma reunião que dividiu o colegiado e que fez a Ternium questionar a legalidade do afastamento, visto que não houve consenso entre os signatários do bloco de controle. Desde esse episódio, se tornou pública a briga societária entre as duas empresas, que ganhou agora novo impulso com a troca da presidência. Além de Ternium e Nippon Steel fazem parte do bloco de controle a Previdência Usiminas.
“Sob a liderança de Romel Erwin de Souza, a Usiminas tem se esforçado para melhorar sua solidez financeira, tomando várias medidas, incluindo um aumento de capital no valor de R$ 1 bilhão e reestruturação de sua dívida com os principais bancos”, observa a Nippon, na mesma nota. O grupo japonês lembrou que a Usiminas vive um momento delicado e que uma grande mudança em sua diretoria pode “”omprometer os esforços da Usiminas para sua recuperação, o que seria contra os interesses de seus acionistas e stakeholders (o público que tem interesse na companhia)”. Sérgio Leite será substituído por Ascanio Merrighi de Figueiredo Silva, da Soluções Usiminas.
Depois de uma longa negociação, os acionistas da Usiminas aprovaram em meados de abril operação de capitalização de R$ 1 bilhão da empresa por meio de subscrição privada de ações. O aporte de capital é a principal exigência dos credores da siderúrgica para rolar a dívida da empresa, de quase R$ 8 bilhões, e afastá-la do risco de ter de apresentar um pedido de recuperação judicial.