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Estado de Minas

Reservatórios ainda baixos encarecem a conta de luz em 2016

A despeito da redução do consumo provocada pela crise da economia, recuperação do nível das represas ficou abaixo do previsto, em 57,5%, ante os esperados 71% e as contas já subiram


postado em 27/05/2016 06:00 / atualizado em 27/05/2016 07:38

Reajuste de 4,21% da tarifa da Cemig para as residências começa a valer amanhã e deverá anular benefício com a aplicação da bandeira verde, que suspendeu cobrança adicional(foto: Cemig/Divulgação)
Reajuste de 4,21% da tarifa da Cemig para as residências começa a valer amanhã e deverá anular benefício com a aplicação da bandeira verde, que suspendeu cobrança adicional (foto: Cemig/Divulgação)
Depois de dois anos de estiagem, os reservatórios das principais usinas hidrelétricas do país recuperaram os níveis de armazenamento de água, mas permanecem abaixo da meta estimada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pela coordenação e controle do abastecimento de energia no Sistema Interligado Nacional. A instituição calculava chegar ao fim do chamado período úmido, encerrado em abril, com 71% de volume armazenado no subsistema Sudeste/Centro-Oeste. A marca ficou em 57,5%, na média, em abril. Neste mês está 56,7%.


Apesar de o período chuvoso não ter correspondido ao esperado, este ano terá boa oferta do insumo, já que em meio a recessão, o consumo, tanto industrial quanto residencial, segue em baixa. Os reservatórios ainda estão longe de chegar próximo aos níveis observados em 2011, quando, a essa altura do ano, o subsistema Sudeste-Centro-Oeste, que garante 70% do armazenamento do país, apresentava nível de 87,8%, percentual bem mais confortável do que os atuais 56,7% (veja o quadro).


A intenção do ONS é chegar ao fim do período seco com um percentual de armazenamento global próximo de 30%, diferentemente do que ocorreu no ano passado. O estresse hídrico vivido pelo país em 2015 derrubou os níveis dos reservatórios a 10%, impondo forte despacho das usinas térmicas, o que elevou o custo da energia a patamares recordes. “Acredito que seja possível chegar ao fim do ano com percentual de 30% nos reservatórios. Tudo vai depender da política energética adotada e do percentual de energia termelétrica utilizado ao longo do ano”, diz Juliana Marreco, especialista em planejamento energético e professora da escola de administração e negócios Ibmec.


O índice de 56,7%, registrado no sistema Sudeste-Centro-Oeste é bem superior aos 36,03% verificados em 2015 e aos 37% de 2014. Nos últimos dois anos, com o baixo volume de chuvas na bacia do Rio São Francisco, a usina de Três Marias, operada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), enfrentou períodos críticos. No fim do período seco de 2014, o volume armazenado na represa atingiu apenas 2,57%. No ano passado, o reservatório continuou com níveis bem abaixo do ideal. No fim do período chuvoso, 37,5% da sua capacidade de armazenamento de água.

CUSTOS Apesar de o governo ter mudado de vermelha para verde o sistema de bandeiras tarifárias, aliviando a conta dos consumidores residenciais, já que foi retirada a cobrança adicional pelo quilowatt/hora, a promessa de redução não se confirmará. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou reajuste à Cemig de 4,21% da tarifa no consumo de residências, com vigência a partir de amanhã. Ainda que tenha vindo inferior ao previsto por analistas do setor elétrico, que chegaram a estimar remarcação de 10%, a correção vai fazer o consumidor pagar mais caro. “O efeito da bandeira verde será praticamente anulado com o reajuste de 4,2% autorizado à Cemig”, diz a especialista Juliana Marreco.
Já no chamado mercado de curto prazo (regulado pelo Preço de Liquidação das Diferenças – PLD), o panorama é inverso. O preço da energia está em baixa e as distribuidoras com sobrecontratação. Para que haja recuperação do preço é preciso haver crescimento da carga. Para Juliana, a expectativa de queda de 4% no Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços do país) em 2016 é sinal de mais um ano de baixo consumo.


Em 2015, a queda total do consumo no Sistema Interligado Nacional foi de 2,1% em relação a 2014, mas o setor industrial apresentou redução ainda maior, de 5,3%. Com o aumento de preços da energia, que chegou a 51% na média do país, até mesmo o setor residencial diminuiu o uso da energia, o que não ocorria desde 2001.


Waltér Fróes, diretor da CMU comercializadora de energia, acredita que os preços no mercado de curto prazo vão crescer no segundo semestre. Segundo ele, o baixo nível de chuvas no Nordeste já começou a pressionar a demanda. No entanto, mais forte que as questões climáticas, Walter acredita que o sistema elétrico será reestruturado com efeitos já no segundo semestre deste ano. “A escolha de Paulo Pedrosa, como secretário-executivo de Minas e Energia, e de Luiz Barroso, na presidência da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) conferem um perfil altamente técnico e qualificado ao setor. Os indicados têm ampla experiência e olhar holístico, por já terem atuado nas diversas áreas do segmento”, elogiou. Para Fróes, o preço da energia deve refletir a realidade da operação. “Não justifica ter uma energia térmica gerada a R$ 400 por MW/h (megawatt/hora)e o PLD a R$ 30 ou R$ 40 MW/h”, criticou.


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