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Estado de Minas

Senado aprova Ilan Goldfajn para o Banco Central

Por 56 votos a 13, nome do economista recebe aval do plenário da Casa para assumir presidência do BC. Ele diz que intenção é levar inflação para o centro da meta de 4,5%


postado em 08/06/2016 06:00 / atualizado em 08/06/2016 07:39

Na Comissão de Assuntos Econômicos da Casa, Ilan Goldfajn respondeu perguntas dos senadores por 4 horas(foto: Edidlson Rodrigues/Agência Senado)
Na Comissão de Assuntos Econômicos da Casa, Ilan Goldfajn respondeu perguntas dos senadores por 4 horas (foto: Edidlson Rodrigues/Agência Senado)

Brasília – O Senado aprovou ontem, por 56 votos favoráveis, 13 contrários e uma abstenção, a indicação de Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central. A aprovação ocorreu horas após Goldfajn ser sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, onde também teve seu nome aprovado. Com o nome de Goldfajn aprovado pelo plenário do Senado, para que ele assuma o cargo, basta o nome dele ser publicado em ato do presidente em exercício, Michel Temer, e que ocorra a cerimônia de posse. Isso pode ocorrer antes do fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o que permitiria que ele participe do segundo dia do encontro. A possibilidade de Ilan Goldfajn participar somente do segundo dia de reuniões do Copom, hoje, no lugar de Alexandre Tombini, seria inédita mas não ilegal.

A aprovação de Goldfajn na CAE, por 19 votos a 8 agradou os investidores. O dólar recuou pela quinta sessão seguida ante o real e encerrou ontem, no menor patamar desde 29 de abril. Na cotação comercial, a moeda dos Estados Unidos fechou cotada a R$ 3,449, com queda de 1,2%. De acordo com especialistas, foi muito bem recebida a sinalização do economista indicado para o BC de que a instituição poderá recorrer ao uso de swap cambial reverso em momentos de maior pressão de baixa, com o objetivo de dar continuidade à redução do estoque de swap cambial tradicional.

Ilan Goldfajn, que foi diretor de Política Econômica do BC de setembro de 2000 a julho de 2003, foi aprovado após uma sabatina que durou pouco mais de quatro horas. Ao fim da sessão, o economista reforçou que o Banco Central deve perseguir o centro da meta de inflação, de 4,5% ao ano. “Temos de fato que cumprir meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)”, disse. Ilan também mencionou que o sistema financeiro é sólido, consolidado e possui liquidez, mesmo diante da elevação da dívida privada de empresas.

“Houve elevação da dívida privada nos últimos tempos, boa parte por desvalorização cambial. As empresas também enfrentam recessão, que reduziu receitas, e isso é um desafio. Mas acredito que as empresas vão lidar com isso da melhor forma possível”, disse. A votação, eletrônica e secreta, se deu ao longo da sabatina, conforme requerido por senadores da CAE. O regulamento da Casa prevê que a votação comece apenas após o término da sabatina, mas a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que preside a CAE, afirmou que havia precedentes e colocou a questão em apreciação. Diante da aprovação da antecipação dos votos, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a sessão.

A aprovação do nome de Ilan para a presidência do BC pela CAE do Senado foi a mais baixa da era do Plano Real. Como os votos são fechados, não se sabe ao certo quem reprovou o executivo, que até então chefiava o Departamento Econômico do Banco Itaú. Esta, inclusive, foi a principal crítica da oposição ao indicado pelo presidente em exercício Michel Temer. Ao que tudo indica, o bloco formado pelo PT e PDT votou maciçamente contra o economista. Dentro do BC, já eram esperados alguns votos contrários, mas eles acabaram sendo um pouco mais do que o previsto.

Quando passou pelo crivo dos parlamentares, o placar de aprovação do atual presidente da instituição, Alexandre Tombini, foi de 22 a 1. Antes dele, Henrique Meirelles, que hoje é o ministro da Fazenda, contou com 21 afirmativas e cinco impedimentos, enquanto Arminio Fraga, que presidiu o BC de março de 1999 a janeiro de 2003, recebeu 21 “sim” e seis “não”. Este placar foi idêntico ao do antecessor Gustavo Franco. O presidente aprovado com mais votos pela CAE foi Gustavo Loyola, que teve 24 cartões verdes contra dois vermelhos. Antes dele, Pérsio Arida, que esteve à frente da autoridade monetária de janeiro a junho de 1995, recebeu 19 votos favoráveis, assim como Ilan. Mas, naquela ocasião, a votação foi unânime.


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