Brasília, 17 - A profunda crise econômica do Brasil pode ser superada mais rápido do que muitos analistas esperam, mas uma eventual recuperação pode vir com crescimento lento, de acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Meirelles afirmou que uma taxa de crescimento sustentável e não inflacionista para economia brasileira seria em torno de "2% a 2,5%", muito mais lenta que a taxa recorde de 7,6% observada em 2010, apesar de uma forte reversão da atual contração econômica.
O ritmo da recuperação depende da aprovação no Congresso de uma emenda constitucional que pode limitar o crescimento dos gastos do governo nas próximas duas décadas, uma medida que melhoria a previsibilidade e atrairia investimentos, segundo o ministro, que manifestou confiança de que os deputados apoiarão seu plano.
"É muito claro para os políticos que a situação é insustentável", disse Meirelles em Brasília. "Os eleitores estão desempregados ou com medo de perder o emprego" afirmou. "Passar a reforma é a única forma de trazer os empregos de volta."
O plano de limitação de gastos foi bem recebido por analistas preocupados com o déficit orçamentário de 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) - 2,5% maior do que quando Dilma Rousseff assumiu, em 2011.
A economia brasileira pode ultrapassar temporariamente a estimativa de crescimento de Meirelles por "um ou dois anos", com a aceleração da economia, e uma recuperação pode vir mais rápido do que pensam muitos analistas, dada a capacidade ociosa do país, segundo o próprio ministro.
"Existem trabalhadores qualificados que estão desempregados", afirmou.
Mas poucos acreditam que seu desafio será fácil. A maior economia da América Latina está no meio de uma recessão profunda, que já apagou milhões de empregos.
O recuo econômico está coincidindo com uma profunda crise política. Recentemente, o presidente em exercício Michel Temer foi envolvido em um escândalo de corrupção na Petrobras por um delator. Temer nega as acusações.
O peemedebista indicou Meirelles para a Fazenda com o intuito de implementar uma agenda amigável aos negócios, que inclui restringir o déficit orçamentário e aliviar a carga das dívidas.
O ministro da Fazenda disse que está tentando não pensar nos acontecimentos políticos e apenas toca as reformas que julga necessárias. Ele disse estar relutante em implementar aumento de impostos para melhorar a situação Fiscal do País, uma opção que seus antecessores estavam tentando aprovar no Congresso. Fonte: Dow Jones Newswires