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Estado de Minas

Brasil e Argentina terão comércio livre a partir de 2020

Ampliação do acordo automotivo bilateral ocorreu depois de duras negociações. Regras atuais valem por mais 4 anos


postado em 26/06/2016 06:00 / atualizado em 26/06/2016 11:43

Brasília e São Paulo – Os governos do Brasil e da Argentina fecharam novo acordo automotivo, que terá validade para os próximos quatro anos. A partir de 2020, a intenção é de que haja o esperado livre-comércio entre os dois países. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o acerto de longo prazo trará benefícios aos parceiros, por conferir maior previsibilidade ao setor. Os dois vizinhos concordaram com uma agenda de trabalho centrada em integração produtiva e comercial equilibrada nesse período.


O acordo atual vence no fim do mês. Em reunião realizada na quinta e na sexta-feira em Brasília, ficou estabelecido que a relação entre os valores das importações e das exportações de veículos e autopeças não deverá ser superior a coeficiente de desvio sobre as vendas (o chamado flex) de 1,5 ponto no período que compreende junho de 2015 a junho de 2020. Isso significa que o Brasil pode exportar US$ 1,5 para cada US$ 1 importado da Argentina livre de impostos.


Se alcançadas as condições para o aprofundamento da integração produtiva, com o desenvolvimento equilibrado das estruturas dos dois países, o coeficiente poderá passar para 1,7 em 2019, desde que haja acordo prévio entre as partes. “Depois de muita negociação, chegamos a um acordo por mais quatro anos que traz muita previsibilidade para o setor e que estabelece bases para o livre-comércio automotivo a partir de 2020, uma grande vitória para a indústria nacional”, disse, por meio de nota, o ministro da Indústria, Marcos Pereira.

Maturidade


Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, o acordo é muito positivo para os dois países. “Houve maturidade dos dois governos porque, para nosso setor, a questão de previsibilidade é fundamental e nos dá mais segurança para definir investimentos “. Ele lembrou que, nas últimas negociações, o acordo vinha sendo prorrogado por apenas um ano, o que gerava insegurança entre as empresas. Em maio, as vendas externas da indústria automotiva argentina, que têm o Brasil como principal destino, foram de 18,199 mil unidades, representando queda de 12,1% frente a abril. Enquanto isso, o Brasil exportou 46,890 mil unidades, com acréscimo de 15%.


Neste ano, até maio, as exportações, em geral, da Argentina caíram 31,3%. O Brasil, principal cliente do país, reduziu compras em razão da crise econômica, o que levou a uma queda de 26,6%. Por outro lado, as exportações brasileiras, que têm como principal destino a Argentina, cresceram 21,8% em face ao momento de recuperação do vizinho. A Argentina ultrapassou o flex e as montadoras teriam de pagar a diferença de impostos pelo saldo excedente. Fora do acordo, a alíquota é de 35%.


Para evitar essa penalidade causada por questões conjunturais, a validade do acordo anunciado ontem retrocede a 2015. Assim, a contabilidade do flex será feita com base nas exportações e importações efetivadas ao longo de cinco anos. “Tomar uma medida punitiva por problemas conjunturais não parece razoável”, disse Megale.


Na sexta-feira, representantes dos dois governos assinaram protocolo de intenções que será registrado na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) nesta semana, para entrar em vigor em 1.º de julho.

Desejado mercado do Tio Sam


Os Estados Unidos são, disparado, o principal mercado procurado pelas empresas brasileiras que já exportam e decidem abrir uma operação no exterior. O país é citado por 68,8% das empresas que buscarão expansão internacional nos próximos três anos, segundo pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Os outros destinos mais procurados, por ordem, são Colômbia, México, Argentina e Emirados Árabes Unidos.


Ao abrir um escritório, entreposto, parceria, franquia, filial ou uma operação no exterior, a empresa exportadora aumenta seu faturamento pelo simples fato de estar mais próxima do cliente. Ela também consegue adaptar melhor seu produto ou serviço ao mercado local e mapear melhor a demanda. Outra vantagem é trazer inovações para o Brasil. É por essa razão que os programas de apoio à internacionalização serão fortalecidos no atual governo, como estratégia para aumentar as exportações e dar a elas uma base mais consolidada.

A pesquisa da Apex, respondida por 229 empresas exportadoras, mostra que o principal objetivo ao buscar a internacionalização é vender mais. Essa foi a resposta de 72,7% das empresas que vão abrir operações no exterior para se expandir e por 77,7% daquelas que o farão para exportar ou manter sua operação. A expansão internacional foi considerada “altamente importante” por 83,6% da amostra ouvida.

“Temos casos aqui em que a simples abertura de um escritório no exterior fez as vendas da empresa aumentarem 30%”, conta Juarez Leal, coordenador de Internacionalização da Apex. Na média, as empresas brasileiras obtêm 5% de suas receitas no exterior. O número sobe para 34% nas internacionalizadas.

A entrada em outros mercados ajuda a manter o faturamento das empresas em épocas de crise como a atual. “Hoje, nossas operações no exterior representam 60% das nossas receitas”, diz Lisiane Kunst, diretora executiva da Artecola, uma empresa que fornece adesivos para indústrias. Houve época em que as operações fora do país davam prejuízo, mas a empresa manteve sua aposta na internacionalização, que começou em 1997 com a compra de fábricas já instaladas, boa parte delas empresas familiares, dentro de uma estratégia de expansão no longo prazo. A Artecola é, hoje, a segunda maior fornecedora do produto no mercado latino-americano e mantém unidades na Argentina, Colômbia, Chile, Peru e México. É a sétima empresa mais internacionalizada do Brasil.

ONDE TUDO ACONTECE A diversificação de riscos, como fez a empresa, é uma das principais razões pelas quais as companhias decidem operar no exterior, mas existem outros motivos, como, por exemplo, a inovação. Foi atrás das novidades que a Giraffas, rede de lanchonetes, instalou-se na terra do fast food. “Os Estados Unidos são o mercado onde tudo acontece antes”, diz o diretor de Expansão do grupo, Eduardo Guerra.

“Queremos entender o caminho e aplicar no Brasil”, diz o executivo. Ele explica que o segmento que mais cresce no mercado norte-americano é o fast casual, algo intermediário entre McDonald’s e Outback. É nesse grupo que o Giraffas opera. O forte são pratos compostos de arroz, feijão, salada e uma proteína, sendo a picanha o carro-chefe.

O escritório da Apex em Miami foi base para o início da operação da Giraffas. “Eles ajudaram muito”, observa Eduardo Guerra. Além da infraestrutura, a agência auxilia as empresas de diversas formas. Quando um empresário a procura dizendo que quer ir para o exterior, responde a um questionário que mede o quanto ele está preparado para a empreitada e mostra onde ele, potencialmente, enfrentará problemas. “Já ajudamos muitas empresas, por isso sabemos onde estão os gargalos”, diz Juarez Leal.


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