O tradicional crescimento dos pedidos às fábricas de embalagens no segundo semestre do ano costuma estar associado à performance da indústria de alimentos, responsável por 40% a 45% do mercado de embalagens no Brasil, e das fábricas de bebidas, que consomem 12% a 15% da produção do setor. Dona de sete fábricas no Brasil, que empregam 450 pessoas, a multinacional portuguesa de embalagens plásticas Logoplaste informa estar operando acima do previsto em todas as unidades de embalagens para produtos lácteos (iogurtes e leite UHT).
O diretor da Logoplaste no Brasil, Fábio Salik, afirma que há ligeira melhora na demanda. “Percebemos melhora em todos os segmentos que atuamos, mas ainda muito tímida para dizer que estamos no início de uma recuperação”. Para o executivo, o desempenho da empresa em 2016 deve superar 2015. No entanto, sinais claros de retomada, na visão dele, só virão em 2017, como resultado de medidas de política econômica.
Na indústria alimentícia, empresas que, a exemplo da mineira Forno de Minas, estão puxando a demanda às fábricas de embalagens, têm conseguido manter planos de expansão, até mesmo arrojados, mas com esforço no controle das despesas e na busca de equilíbrio do caixa, como destaca Vicente Camiloti, diretor comercial da fabricante mineira líder no segmento de pães de queijo congelados. “Como este ano tivemos lançamentos da marca, pretendemos crescer de 12% a 15%”, afirma.
Para empresários, o pior já passou
Até o primeiro trimestre deste ano, a Associação Brasileira de Embalagem (Abre) registrava, com espanto, queda acentuada na produção física do setor. Com 7,4% de redução frente ao mesmo período de 2015, o segmento declinava após ter fechado o ano passado com volume bruto de produção de R$ 57,3 bilhões – recuo de 4,31% no ano. Porém, veio o segundo trimestre de 2016 e os números começaram a melhorar. “O pior já passou e, agora, começa a aparecer uma luz no fim do túnel”, comenta, animada, a diretora-executiva da Abre, Luciana Pellegrino. A estimativa para o segundo trimestre é de que haja redução de 3,8% nas vendas; seguida de retração inferior a 3% entre julho e setembro; e de, no máximo, 1%, no quarto trimestre.
“Vai ser uma melhora gradativa e esperamos que em 2017 tenhamos estabilidade com possibilidade de crescimento”, aposta a diretora da Abre. Ela avalia que, com o surgimento de um novo desenho na política econômica brasileira, tem havido a volta do sentimento de confiança na sociedade. “Mas os efeitos não chegam em curto prazo. Vai ser de forma gradativa”, prevê. Luciana reforça que se trata de um momento de cautela e que o setor está atento ao consumo das famílias, ainda prejudicado. “Mas estamos caminhando para uma perspectiva menos negativa”, diz.
Na Associação Brasileira de Papel Ondulado, as projeções para este semestre são de que o setor saia do vermelho, segundo o diretor Sérgio Luiz Ribas. O balanço de 2016 tende, ainda, a fechar negativo entre 1% e 1,5%, contudo, num nível bem inferior à retração de 3,08% que as empresas tiveram de processar em 2015. “Falamos de um desempenho melhor, mas ainda muito baixo. O volume de expedição das indústrias foi de 3,321 milhões de toneladas no ano passado, semelhante ao patamar de 2012”, afirma. Para Antônio Eduardo Baggio, do Sinpapel de Minas, preocupa o alto nível de ociosidade da indústria em Minas, estimado em 35%. Uma esperança de recuperação das empresas está nas exportações, com a valorização do dólar sobre o real, outra incógnita. O setor exporta, hoje, menos de 3% da produção, percentual que, para Baggio, pode alcançar, se estimulado, cerca de 10%.