(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas SINAIS DE MUDANÇA

Indicadores que mostraram país afundando na crise começam a apontar leve melhora

Reviravolta ainda é tímida, mas já deixa empresários e analistas otimistas


postado em 31/07/2016 06:00 / atualizado em 31/07/2016 08:02

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)
Ainda tímida, a reviravolta de pelo menos meia dúzia de indicadores vitais da economia começa a ser percebida na produção industrial, nos preços, nas estatísticas da inadimplência, na confiança do empresariado e de investidores e nas perspectivas de crescimento do país. Para economistas acostumados a lidar com números que dão a todo tempo a direção do mercado de consumo, esses índices podem ter chegado ao fundo do poço e, agora, reagem, mas cautela é mais que necessária num Brasil de sobressaltos. No mundo dos negócios, a fé que move montanhas se alimenta de expectativas, hoje tão ávidas por reação, de uma forma até espantosa diante das recentes projeções sobre a recessão de 2016, quanto capazes de imprimir uma virada.

A nova toada da confiança segue para o próximo teste, com a votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, para confirmar ou não no poder o presidente interino Michel Temer e as equipes dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, além do Banco Central, que explicam boa parte dessas primeiras apostas numa recuperação efetiva em 2017. Último segmento a se dobrar à onda mais confiante, o comércio já trabalha com índices de desempenho melhores para os próximos meses, observa o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

“Observamos menor grau de pessimismo no setor, mas a estrada é longa e há muita água ainda para passar debaixo da ponte”, afirma Bentes. Embora as vendas não tenham saído do campo negativo, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) medido pela Fundação Getulio Vargas, que foi divulgado na quarta-feira, subiu 1,2 ponto em julho graças à maior satisfação com o volume da demanda atual do setor. Foi o melhor resultado dos últimos 12 meses. Na mesma direção, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado pela CNC, atingiu neste mês o nível mais alto, de 87 pontos, do período de um ano e três meses.

Na consulta aos empresários, a CNC constatou que 70,8% deles confiam que a economia vai melhorar nos próximos meses, percentual que superou os 62% registrados em junho e os 54,9% verificados em maio. Fator determinante para que a expectativa se confirme, o comportamento dos preços dá indicação de fôlego menor. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação apurado pelo IBGE, recuou em janeiro de 10,71%, medido nos últimos 12 meses, para 8,84% em junho. Bentes destaca que o custo de vida deverá encerrar 2016 com variação na casa de 7% e estacionar em 5% no ano que vem.

“Não se trata da inflação dos sonhos, mas é muito melhor que os 10,67% que o país registrou no ano passado”, afirma o economista. A outra variável fundamental é o crédito. Afinal, as atividades do setor que mais têm apanhado da crise nas vendas – o comércio automotivo, as revendas de material de construção e as redes de mobiliário –, dependem de financiamento ao consumidor. Bom sinal é que a taxa de inadimplência caiu no crédito livre, aquele tomado direto nos bancos. O Banco Central informou na semana passada que o calote entre as pessoas físicas desceu de 6,3% em maio para 6,1% em junho.

Por trás do comportamento dos empresários do comércio, do setor de prestação de serviços e da indústria, as expectativas estão movidas pela esperança numa mudança de governo e da equipe econômica. Com esse pano de fundo, o economista Sérgio Xavier, da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), diz que os indicadores pesquisados pela entidade mostram pessimismo menor e quedas menos intensas dos índices de desempenho da atividade. “Esses indícios de melhora sugerem que a gente esteja se aproximando de uma estabilização. A esperança é que ela vá se tornar, posteriormente, um crescimento efetivo”, afirma.

Crescimento Depois de meses de contração, os dados do IBGE relativos à produção industrial em Minas Gerais apontaram em maio, frente a idêntico mês do ano passado, crescimento de 9,7% nas fábricas de alimentos; de 22% nas de bebidas; 1,4% em plantas industriais do setor têxtil; de 0,7% da produção de celulose e papel e de 9,5% de alguns produtos químicos. Sinais de reação têm sido discutidos também na indústria da construção civil, segmento que costuma antecipar tendências.

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), nos últimos três meses até maio as vendas de imóveis novos em Belo Horizonte e Nova Lima vêm superando o volume de lançamentos. O fenômeno reflete as melhores expectativas em relação à economia, avalia Evandro Veiga Negrão de Lima Júnior, vice-presidente da instituição.

SOBRE O CRESCIMENTO

¦ O Fundo Monetário Internacional (FMI) alterou suas projeções de retração da economia brasileira, que eram de 3,8% em abril, para 3,3%, no último dia 19. Para o ano que vem, passou a admitir expansão de 0,5%, em lugar da estagnação que previu anteriormente. As previsões melhoraram pela primeira vez desde julho de 2012.

¦ Os analistas de bancos e corretoras ouvidos pelo Banco Central para o Boletim Focus também mudaram suas apostas. Na rodada divulgada semana pasada, elevaram a queda projetada para 2016 de 3,25% para 3,27%, mas, ainda assim, trata-se de previsão inferior  ao percentual de 3,88% de maio.

SOBRE A PRODUÇÃO

¦ No Brasil, a indústria não registra queda desde fevereiro, na comparação com o mês imediatamente anterior. A produção nacional cresceu, em média, 1,4% em março; 0,1% em abril e ficou estável em maio.

¦ Em Minas Gerais, a Fiemg apurou
no acumulado deste ano intensidade menor da queda do faturamento do setor, embora os números dos indicadores pesquisados pela instituição estejam, ainda, no
campo vermelho.

SOBRE A INFLAÇÃO

¦ Medido nos últimos 12 meses, o IPCA saiu de 10,71% em janeiro para 10,36% em fevereiro; 9,39% em março; 9,28% em abril, voltando a subir em maio para 9,32%, mas recuando de novo a 8,84% em junho. De maio para junho, o índice passou de 0,78% para 0,35%. Dos nove grupos de produtos que compõem o índice oficial do custo de vida no país, sete encareceram menos de abril para maio, incluindo alimentação e bebidas, de 0,78% para 0,71%; e habitação, de 1,79% para 0,63%.

SOBRE AS EXPECTATIVAS


¦ A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apurou que os empresários estão mais otimistas, principalmente em relação à demanda por seus produtos. Por meio de sondagem junto a seus associados, a instituição verificou que esse índice subiu de 47,8 pontos em abril para 51 pontos em maio. Quando a pontuação passa de 50 significa expectativa de aumento para os meses seguintes.

SOBRE A CONFIANÇA


¦ Indicando avaliação positiva tanto nas condições atuais quanto nas expectativas, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pela Fundação Getulio Vargas, sinalizou alta de 3,5 pontos entre junho e julho, para 86,9 pontos. O resultado foi verificado na Sondagem da Indústria de Transformação e, uma vez confirmado, consistirá na quinta elevação do indicador.

SOBRE A INADIMPLÊNCIA

¦ O número total de consumidores inadimplentes diminuiu em 1,3 milhão de abril para maio, segundo pesquisa da empresa de serviços financeiros Serasa Experian. Foi a primeira queda desde dezembro de 2014.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)