Brasília, 04 - O volume líquido de recursos sacados da poupança em julho, menor que nos meses anteriores, não indica uma tendência de melhora no quadro. A avaliação é do diretor executivo de Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira.
Em julho, os saques superaram os depósitos da poupança em R$ 1,115 bilhão. Apesar de negativo, o saldo é melhor do que em meses anteriores. O pior momento dos últimos 21 anos para a caderneta de poupança foi em janeiro, quando os saques líquidos foram de R$ 12,032 bilhões. Nos meses seguintes, o resultado continuou negativo: R$ 6,639 bilhões em fevereiro; R$ 5,380 bilhões em março; R$ 8,246 bilhões em abril, R$ 6,592 bilhões em maio e R$ 3,718 bilhões em junho.
"Não podemos dizer que é uma tendência ainda. Vai continuar essa sangria", disse Oliveira. Para ele, o período de sangria menor pode ter sido motivado por fatores pontuais, como o adiantamento do pagamento do décimo terceiro por empresas. "O quadro econômico ainda não mudou", avaliou.
O diretor aponta três fatores para os resultados negativos. O principal é a recessão econômica, que provoca desemprego e queda na renda das famílias, levando a um volume menor de depósitos. Ao mesmo tempo, a crise leva as pessoas a retirar mais recursos da poupança para gastar. Por fim, a baixa rentabilidade da poupança, frente a outros investimentos, também gera impacto.
Apostando na persistência de números negativos nos próximos meses, Oliveira afirmou que "certamente" o recorde do ano passado, com saque líquido de R$ 53,6 bilhões, será ultrapassado em 2016.