(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Crise afeta empresas individuais em Minas

Enquanto no país a formalização de microempreendedores cresceu 2% no primeiro semestre, no estado o número de MEI's ficou praticamente estável no período, segundo pesquisa do Sebrae


postado em 23/08/2016 00:12 / atualizado em 23/08/2016 07:53

Cabeleireiro Clever Oliveira passou a fazer massagens para enfrentar queda dos serviços no salão(foto: Luiz Ribeiro/EM/D. A Press )
Cabeleireiro Clever Oliveira passou a fazer massagens para enfrentar queda dos serviços no salão (foto: Luiz Ribeiro/EM/D. A Press )
A retração dos investimentos que atinge a indústria e grandes empresas de praticamente todos os setores da economia, chegou também aos bem pequenos. Em Minas Gerais o crescimento do microempreendedorismo individual, modalidade de negócio com faturamento até R$ 60 mil ao ano, freou o ritmo. De janeiro a julho, enquanto o país registrou leve alta de 2% na formalização, chegando a marca de 6,2 milhões de microempreendedores individuais (MEIs), em Minas Gerais, a formalização entre janeiro e julho, na comparação com o mesmo período do ano passado não conseguiu avançar. No período foram formalizados 69.328 microempreendedores, 808 a menos que no ano passado.

Em 2016, a expectativa do Sebrae-Minas é que o número de empreendedores no estado encerre o ano sem crescimento. Haroldo Santos, analista do Sebrae, atribui o freio na atividade dos pequenos à crise que o país atravessa. “Muitos empreendedores optam por testar o negócio na informalidade e com a crise da economia postergam a formalização aguardando um melhor momento para os negócios”, avalia.


A recessão também afetou a natureza da motivação. Ainda não há dados disponíveis para 2016, mas a estimativa do Sebrae é que até o fim do ano a abertura de novos negócios por necessidade, ultrapasse aqueles empreendimentos abertos por oportunidade. Há pouco mais de um ano Wericson Souza, 20 anos, decidiu abrir o próprio negócio. Depois de se formar no curso técnico de administração ele distribuiu currículos em diversas empresas, mas não recebeu propostas. Cansado de esperar por uma oportunidade no mercado de trabalho, ele decidiu seguir em frente, trabalhando por conta própria.


Ainda no ensino médio, Wericson havia aprendido com uma amiga a fazer bombons para custear um acampamento de escoteiros. Tirando a receita da gaveta, Wericson se cadastrou como MEI e abriu a Provocatto Cacau. Apesar do mercado estar devagar ele se mantém firme na produção de 200 chocolates por semana e a maioria da venda é feita em portas de escola. “Agora estou entrando em um novo meio que são os cafés e restaurantes. Acho que até o Natal vou fabricar cerca de 300 'provocattos' por semana”, calcula. O sonho de Wericson é permanecer no mercado e chegar a ser um grande fabricante da iguaria. “Penso em progredir para um food bike, depois abrir quiosques e uma loja própria. No futuro, quero transformar a Provocatto em uma franquia”, planeja.


O empreendedorismo no país também está concentrado nas grandes regiões, no Centro do estado e no Sul de Minas. As cidades mineiras com o maior número de formalizados são Belo Horizonte, Contagem, Uberlândia, Juiz de Fora, Betim, Montes Claros, Ribeirão das Neves, Divinópolis, Governador Valadares e Ipatinga. A região Central, onde está a capital, detém 44% do mercado e o Sul de Minas, 15%, seguido pelo Triângulo com 10,5%. O empreendedorismo individual tem bem menos fôlego, no Jequitinhonha, Mucuri e Noroeste (veja quadro). Entre as atividades mais procuradas, o comércio de vestuário e acessórios, cabeleireiros, obras de alvenaria, bares, lanchonetes e estética lideram o ranking.

Conforme os números do Sebrae, em Montes Claros são 12.901 MEIs, sexta posição no estado. Um dos integrantes desse contingente é Clever Oliveira, prestador de serviços na área de beleza. Como alternativa para vencer a recessão, Clever diversificou o portfólio. O empreendedor trabalha com massagens relaxantes em empresas e durante eventos, presta serviços como barbeiro e cabeleireiro. “Diversifico as atividades. Por exemplo: quando as massagens estão em baixa, trabalho com cabelo, barba e sobrancelhas”, diz o microempreendedor individual.


Ele inovou suas atividades e passou a prestar serviços a domicílio. Para isso, se cadastrou em um canal de comunicação criado recentemente em Montes Claros, em que os clientes são atendidos em suas próprias casas e fazem o agendamento pela internet. “O cliente não tem que ficar esperando horas no salão. É só acessar a internet que o salão vai até a casa dele”, comenta o prestador de serviços.


LEGISLAÇÃO


Hoje o Projeto de Lei 125/2015 – Crescer sem Medo, que prevê novas alterações no Simples Nacional, retorna a Câmara dos Deputados para votação. Entre as propostas está a elevação o teto anual de faturamento do Microempreendedor Individual de R$ 60 mil para R$ 81 mil. O projeto já foi aprovado pelo plenário do Senado, e se passar pela Câmara, seguirá para a sanção do presidente. No entanto, as novas faixas só passam a valer a partir de 2018. Para Haroldo Araújo, a ampliação do teto anual pode provocar uma transformação no perfil das empresas. “Muitas microempresas podem optar pela modalidade do Microempreendedor Individual.”

Crescer sem Medo prevê ainda a criação de uma faixa de transição de até R$ 4,8 milhões de faturamento anual para as empresas que ultrapassarem o teto de R$ 3,6 milhões. A faixa de transição vai funcionar como a progressão de alíquota já praticada no Imposto de Renda de Pessoa Física, ou seja, quando uma empresa exceder o limite de faturamento da sua faixa a nova alíquota será aplicada somente no montante ultrapassado. O texto prevê também, com validade a partir de janeiro de 2017, o prolongamento do parcelamento das dívidas das pequenas empresas de 60 para 120 meses.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)