Brasília – Diante do aumento do número de imóveis em estoque e do crescimento no volume de devoluções, entidades do setor imobiliário se uniram para negociar com o governo reajuste no valor dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) dos atuais R$ 750 mil para até R$ 1,5 milhão. A proposta foi apresentada ao Banco Central e ao Ministério do Planejamento e, de acordo com os representantes das associações, “foi bem recebida” pelas autoridades. A expectativa dos empresários é que essa mudança ocorra ainda este ano.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Renato Ventura, destacou que essa readequação dos valores do SFH permitirá que 75% dos imóveis que hoje estão fora do sistema se enquadrem. “Essa mudança ajudará a retomada do setor, o aumento de empregos, e permitirá aos compradores obter financiamento para valores que se adéequem às ofertas”, afirmou.
De acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, o principal objetivo dessa mudança é evitar novos distratos, como são chamadas as devoluções de imóveis na entrega das chaves, em função da mudança de patamar de avaliação do bem. É nesse momento que os financiamentos finalmente são formalizados e o imóvel é dado em garantia. E o descasamento de preços em, relação ao momento em que o imóvel foi oferecido na planta inviabiliza muitos negócios. “Aí, vira um dilema”, conta o presidente da CBIC. Para Martins, a correção do teto até R$ 1 milhão ainda é insuficiente para dar movo ânimo ao mercado, mas pode ajudar a diminuir o volume de estoque existente, “o que já é um bom começo”.
Discussão
Rodrigo Luna, presidente da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabaci Brasil), destacou que a proposta está sendo discutida no âmbito do governo com o Banco Central e ela ainda precisa ser formatada para ser encaminhada ao Conselho Curador do FGTS. “O objetivo é corrigir a defasagem do valor do teto do SFH desde 2013 porque o valor não acompanhou sequer a evolução da inflação. O governo está mostrando receptividade e está analisando a questão, querendo concluir o assunto”, disse.
O representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Conselho Curador do FGTS, Claudio da Silva Gomes, disse que o órgão está atento ao pleito e “aguarda o envio da proposta para que ela seja analisada”. Procurados, o Banco Central e os ministérios integrantes do Conselho não comentaram o assunto.