Brasília, 17 - Responsável pela articulação do governo com o Congresso, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, também trabalha para convencer os agentes econômicos de que é preciso ter paciência com o governo. Ele afirma que as duas reformas tidas como cruciais para a retomada da economia, a PEC do teto dos gastos e a Reforma da Previdência, exigem negociações, concessões e ajustes com os parlamentares.
Esta semana, o ministro se encontrou com investidores em Brasília e tem planejada uma palestra para uma corretora, em São Paulo, na semana que vem. “Claro que nem sempre a visão que nós temos internamente corresponde à de fora”, disse ao Broadcast, sistema de informações em tempo real do Grupo Estado.
“Agora é hora também de o mercado começar a ajudar, no sentido de dar sinais. A primeira providência que tem de fazer é ler as matérias, o teto de gastos, por exemplo, quando se pergunta o que está no teto de gastos - eles têm de saber o que consta na proposta”, afirmou.
O ministro rechaçou que o governo recue em suas propostas. Disse que ajustes fazem parte da democracia e do sistema de governo, reafirmou acreditar na aprovação das propostas e ressaltou que o presidente Michel Temer não fará ações populistas que possam comprometer o esperado ajuste fiscal.
“Não terá nenhuma medida da nossa parte populista que atinja a estabilidade fiscal que o País precisa. Esse governo não vai buscar atalhos para popularidade fácil. Não é popular porque tem de tomar as medidas, paciência. No médio prazo vai tomar as medidas que possam corrigir o País. É isso. Não tem muito segredo”, afirmou.
Sobre a pressão feita por governadores, que ameaçam decretar calamidade em razão das dificuldades das contas, o ministro disse que a equipe econômica é que vai definir se algum tipo de socorro será permitido ou não.
“A equipe econômica está analisando. Se puder ser feito algo que esteja precificado, que não seja populismo barato, que não vá atingir as reformas vai se fazer. A gente senta, avalia: isso aqui dá pra fazer, isso aqui não dá. Não tem outro caminho”, explicou. Fontes do Planalto, entretanto, afirmam que não há margem neste momento para o governo ceder aos apelos de mais ajuda financeira aos entes da federação.
Geddel explicou também a decisão do presidente em vetar integralmente o reajuste da Defensoria Pública da União, depois de ter optado inicialmente por um veto parcial. Segundo ele, a decisão de Temer foi realista. “O presidente não vai ser populista. Existe a figura do veto. Aquilo que a gente eventualmente não conseguir barrar por conta da dinâmica do Congresso, da pressão que o Congresso está sujeito mais diretamente do eleitor, existe a figura institucional do veto e o presidente não vai se furtar da responsabilidade”.
Apesar do calendário apertado por conta das eleições municipais, Geddel disse não ter dúvidas de que o governo vai ter os votos necessários para aprovar ainda este ano a PEC do teto dos gastos. Já a Reforma da Previdência, na avaliação do ministro, deve ser votada só no ano que vem. “Na questão da previdência nós vamos fazer alguns debates, rodadas de apresentação com centrais sindicais. Logo que o presidente voltar de Nova York vou começar a organizar isso, com centrais, empresários, depois com líderes da Câmara e lideres do Senado”. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.