Washington, 17 - A atração de investimentos americanos para os setores de infraestrutura e energia será uma das prioridades de Sérgio Amaral à frente da Embaixada do Brasil em Washington, no momento em que algumas grandes empresas brasileiras têm sua capacidade de ação reduzida em razão dos impactos da Operação Lava Jato. Em entrevista ao ‘Estado’, ele disse que a interlocução com o setor privado é fundamental nos EUA.
“Quando você faz uma relação com o governo da China, ela basta, porque as principais empresas são estatais. Com os EUA, esses entendimentos, como participação de empresas americanas em infraestrutura, devem ser garimpados junto às empresas”, afirmou. Porta-voz e ministro do Desenvolvimento do governo Fernando Henrique Cardoso, ele defendeu maior coordenação entre as entidades empresariais de ambos os países para explorar essas possibilidades.
Na terça-feira, Amaral se reuniu com 18 empresas que têm investimentos no Brasil. Segundo ele, as principais preocupações do grupo estavam relacionadas a marcos regulatórios. Amaral disse que a questão política não foi levantada por nenhum deles. “A impressão que tenho é que aqueles que acompanham o Brasil daqui, sobretudo os empresários, já viraram a página do impeachment.”
O embaixador se prepara para acompanhara a partir de domingo a primeira visita do presidente Michel Temer aos Estados Unidos. Na quarta-feira, Temer se reunirá com cerca de 20 presidentes de grandes empresas e bancos de investimentos americanos em Nova York, para apresentar as reformas econômicas propostas por seu governo e ouvir as impressões do setor privado em relação ao Brasil. Em seguida, ele terá um almoço do qual também participarão analistas de mercado e representantes de agências de classificação de risco.
Amaral acredita que uma diplomacia menos ideológica por parte do Brasil e a mudança de postura dos EUA em relação à América Latina - simbolizada na reaproximação com Cuba - permitirá que os dois países avancem mais rapidamente em torno de questões concretas. “Quero aproveitar essa convergência em torno de alguns princípios e valores que compartilhamos, como democracia, direitos humanos, meio ambiente e comércio, para gerar estímulo e avançar em certas políticas e projetos.”
O embaixador reconheceu que mudança nesse sentido já estava em andamento no governo Dilma Rousseff, mas com poucos resultados. “O que conseguimos foi o entendimento sobre a carne”, observou, em relação ao levantamento das restrições americanas à importação do produto. “Temos que ter uma relação normal com os EUA e não uma posição que vemos como de adesão ou de resistência. Devemos ser contra ou a favor de questões, de temas da agenda, não de uma relação a priori com o país.”
Outro objetivo de Amaral é aumentar a visibilidade do Brasil na capital dos EUA, onde outros países latino-americanos participam de maneira mais ativa dos centros de pesquisa, os chamados “think tanks”, e de posições médias em agências e organismos financeiros multilaterais. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.