Nova York, 21 - O rebaixamento das notas de crédito de empresas brasileiras está diminuindo, após alcançar um pico entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, mas a grande maioria das companhias, ao redor de 75%, ainda tem a perspectiva da nota negativa ou está em observação ("creditwatch") negativa. Isso significa, segundo o diretor da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) para ratings corporativos, Eduardo Uribe, que elas podem ter piora da avaliação nos próximos meses.
Em setembro, ocorreu o menor número de rebaixamentos de 2016, segundo gráfico da S&P. "Começamos a ver um período de estabilização em nosso portfólio", disse ele, ressaltando que empresas com perfil de negócios mais forte podem voltar a ter melhora das notas de crédito.
Quando se consideram apenas as empresas com perspectiva negativa, o Brasil é o país da América Latina com o maior número de companhias com esse perfil (65%), seguido pela Colômbia (63%), Peru (18%) e Chile (15%). No México e na Argentina, a maioria possui perspectiva estável. Quando se inclui no porcentual do Brasil as empresas com "creditwatch" negativo, o total sobe para 75%, também o maior da região.
Uribe ressaltou que, no Brasil, a S&P já observou uma melhora da confiança das companhias na economia, o que pode levá-las a investir de novo. Ao mesmo tempo, apesar da melhora da percepção de algumas empresas brasileiras, o diretor mencionou que o desemprego continua aumentando e as vendas no varejo mal conseguem crescer. O diretor-gerente da S&P, Roberto Sifon-Arevalo, ressaltou ainda que a Lava Jato é uma fonte de risco significativo para o cenário no Brasil.
Para 2017, Uribe afirmou que riscos de volatilidade da moeda brasileira e crescimento mais fraco da economia do que o esperado podem oferecer desafios para a qualidade do perfil de crédito das companhias do Brasil. Incerteza política, governo segurando gastos e persistência de baixos preços das commodities foram outros riscos citados por ele para o cenário das empresas brasileiras.
A S&P prevê que o PIB do Brasil volte a crescer em 2017, com expansão estimada de 1,5%. Se confirmado, o movimento deve ajudar a América Latina também a crescer, depois de dois anos de retração da economia. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.