“Estamos ansiosos pela reintegração, para que seja feita da forma mais ordeira possível”, diz Francisco Brasil, gestor do empreendimento Granja Werneck, idealizado em 2008. Segundo ele, houve tentativas diversas para a retirada das famílias irregulares, incluindo propostas de doação de terreno e de transferência para imóveis construídos pela Direcional, sempre sem sucesso. A expectativa é que, vencido o foco de resistência, os ocupantes sejam cadastrados e levados para seus endereços de origem dentro da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a maioria deles de Santa Luzia, Vespasiano e Esmeraldas. Quem veio do interior e até de outros estados será orientado a procurar a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) para providenciar passagens de ônibus de volta.
Do total previsto no programa, 8.896 unidades habitacionais já estão aprovadas e liberadas para construção e financiamento com recursos da Caixa Econômica Federal. Nesta primeira etapa, todas são destinadas a moradores que possuem renda familiar de até R$ 1,6 mil. “É o maior empreendimento habitacional do país para a faixa 1”, afirma o engenheiro. Ele explica que, assim que houver a desocupação, as obras serão iniciadas, com previsão de conclusão em dois anos.
O projeto de operação prevê prédios de cinco a oito andares e 11 áreas de lazer, além de um parque de 900 mil metros quadrados. Com o incremento de praças, escolas, postos de saúde e novas vias de acesso, parte dos princípios de sustentabilidade defendidos pelo arquiteto Jaime Lerner, referência mundial em planejamento urbano. “Como diria o especialista, todos esses equipamentos darão ao morador o sentimento de pertencimento”, observa Brasil.
Déficit
O último levantamento realizado pela construtora com o auxílio da Urbel identificou 2,3 mil edificações nas ocupações Esperança e Vitória. Como somente 40% delas estão habitadas, conclui-se que cerca de 2,5 mil pessoas vivem irregularmente no local destinado ao complexo Granja Werneck. Orçado em R$ 750 milhões, o empreendimento deverá acomodar 30 mil moradores de baixa renda, considerando apenas a etapa inicial com quase 9 mil imóveis. “Se pensarmos na coletividade, sairemos de 2,5 mil pessoas em edificações ilegais para 30 mil habitantes bem instalados, detentores da casa própria”, observa o executivo do projeto.
Concluídos os apartamentos, mais 2.036 no mesmo padrão serão entregues um ano depois e, na sequência, outros 2.208 destinados à faixa 2. “Como munícipe, fico entristecido com a demora na concretização de um projeto urbano excepcional”, diz Francisco Brasil. Ele faz questão de destacar que as 13.140 unidades supririam hoje 21% do déficit habitacional da capital mineira, que é de cerca de 62,5 mil moradias. Ao adquirir o imóvel pelo Minha casa, minha vida, o mutuário deverá pagar prestação média mensal de R$ 60 durante 10 anos. Ao todo, desembolsará aproximadamente R$ 7,2 mil por um imóvel com custo estimado de R$ 65 mil e que, a preços atuais, poderia ser revendido por R$ 110 mil.