Brasília, 28 - O diretor de Regulação do Banco Central, Otavio Ribeiro Damaso, afirmou nesta sexta-feira, 28, que a instituição vê como positivo todo o processo de inovação do sistema financeiro, influenciado pelo avanço das novas tecnologias. Segundo ele, este processo de inovação é inevitável e, ao mesmo tempo, é uma demanda da sociedade.
"O papel do BC neste momento é o de monitorar e aprofundar o conhecimento sobre as inovações", comentou o diretor, durante palestra no "19º Congresso Internacional de Direito Constitucional", no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). "Modelos de negócios também precisam se consolidar, algumas tecnologias precisam se aperfeiçoar. E o BC não está olhando especificamente a tecnologia, mas o produto que vai resultar (do processo)", comentou o diretor. "O BC monitora, acompanha e está aberto a fazer ajustes no âmbito da regulação."
Damaso lembrou, durante sua fala, que o mundo passou nos últimos anos por um ganho de capacidade de processamento e de armazenamento de dados, o que, consequentemente, permitiu o barateamento de vários processos. "Os dispositivos móveis vieram para mudar a forma como a sociedade demanda a prestação de serviços (financeiros)", exemplificou. "Numa cidade como São Paulo, você não quer se deslocar mais para sua agência para resolver problemas. O smartphone existe para isso."
O diretor do BC, que esteve recentemente na Ásia e na Europa, também abordou a questão da regulação do sistema financeiro nos países, neste momento de crescimento das fintechs (startups voltadas para serviços financeiros). Segundo ele, centros financeiros como Londres, Hong Kong e Cingapura estão na vanguarda das fintechs e adotam uma postura mais proativa na regulação.
No Brasil, de acordo com Damaso, o BC monitora e acompanha o processo de transformação do sistema financeiro, como ocorre em outras partes do mundo. "Reguladores estão no processo de monitorar, acompanhar e conhecer os novos modelos de negócios. A orientação básica nos fóruns é de discutir, procurar entender", comentou. "Londres, Hong Kong e Cingapura adotam postura mais proativa e flexibilizam algumas regras regulatórias em um ambiente controlado", citou.
Damaso afirmou ainda que as fintechs no Brasil estão desenvolvendo mais corpo em várias áreas, como a de pagamentos. "Esperamos que as fintechs preencham gaps (brechas), melhorem a eficiência do sistema", disse Damaso. "Com a tecnologia, fica muito mais fácil atingir toda a população. O grande beneficiado é o cidadão que utiliza o sistema financeiro", acrescentou.