Em meio à recessão prolongada, com efeitos nas altas taxas de desemprego, contração da renda proveniente do trabalho e endividamento das famílias, 72% dos brasileiros vão usar o 13º salário para saldar dívidas e pagar contas típicas do início do ano. É o que revela a pesquisa Hábitos de Consumo para Natal e Final de Ano, realizada pela empresa de serviços de crédito e gestão de negócios Boa Vista SCPC. O percentual foi calculado com base na amostra de 74% das 700 pessoas ouvidas no levantamento, que vão receber o rendimento extraordinário em 2016.
De acordo com a pesquisa, do percentual de 72%, 56% das pessoas vão quitar dívidas e 16% vão guardar o dinheiro para bancar as contas típicas de início de ano, tais como matrículas escolares e os impostos IPVA, sobre veículos, IPTU, sobre a casa própria. Só 13% dos entrevistados disseram que vão poupar ou investir o montante do 13º.
Em todas as regiões do país, a maioria dos entrevistados afirmou que vai pagar contas com o dinheiro do 13º salário. Na região Norte, o percentual ficou em 76%, seguida de Centro-Oeste (65%), Nordeste (58%), Sudeste (55%) e Sul (53%). Já na estratificação dos entrevistados por classes sociais, a maior intenção de pagar dívidas aparece entre as classes D e E, com 66% das respostas. Na classe C, esse percentual cai para 48% e nas classes A e B a fatia ficou em 21%.
Com relação às pessoas que devem poupar a gratificação tradicional de fim de ano, 26% devem conseguir guardar até 30% do montante, 17% apontaram que vão poupar de 30% a 50% do benefício e outros 9% guardarão a totalidade do 13º. Já 48% disseram que não vão poupar nada, proporção mais elevada que em 2015 (44%). Segundo a Boa Vista SCPC, a pesquisa revelou que “a disposição do consumidor em guardar parte ou todo o 13º salário está diminuindo ao longo do tempo”.
O Norte do Brasil é o local em que os consumidores revelaram maior dificuldade de guardar a renda extra, já que 52% disseram que não vão poupar nada do 13º, seguido do Sudeste, onde 49% das pessoas afirmaram que não vão economizar o benefício. A pesquisa ainda informou que, entre as pessoas que disseram que vão gastar mais com as compras de Natal, 73% vão guardar parte ou a totalidade do 13º salário.
Bolso Apertado
Diante da crise da economia, a inflação esperada pelos consumidores nos próximos 12 meses é de 9,2%, informou ontem, a Fundação Getulio Vargas (FGV), que divulgou o Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores, medido em novembro. O resultado é levemente superior ao dado de outubro (9,1%). De fevereiro a outubro, o indicador havia recuado 2,3 pontos percentuais.
O resultado já era esperado pelo economista Pedro Costa Ferreira, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV). “Este é um resultado esperado, uma vez que após fortes quedas, a expectativa de inflação dos consumidores tende a se estabilizar. O importante é observar nesse momento a distribuição das respostas: a proporção de consumidores que acreditam que a inflação ficará abaixo de 7% nos 12 meses seguintes aumentou aproximadamente 19 pontos percentuais nos últimos seis meses. Tal resultado, aliado a uma tendência de desaceleração dos preços, faz crer que o indicador continuará sua trajetória de queda ao longo dos próximos meses”, avaliou o especialista em comunicado à imprensa.
A proporção de consumidores prevendo inflação entre 9% e 10% nos 12 meses seguintes caiu de 18,4% em outubro para 15,8% em novembro. A parcela dos que preveem que a inflação dos próximos 12 meses ficará entre a meta (4,5%) e o limite superior de tolerância (6,5%) do Banco Central aumentou de 9,4% para 11,1% no período. A Sondagem do Consumidor da FGV coleta mensalmente informações de mais de 2,1 mil brasileiros em sete das principais capitais do país. Cerca de 75% destes entrevistados respondem aos quesitos relacionados às expectativas de inflação.
IR na fonte
A Secretaria da Receita Federal publicou no Diário Oficial da União (DOU) de ontem instrução normativa (IN) sobre a Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte relativa ao ano-calendário de 2016 e a situações especiais ocorridas em 2017 (Dirf 2017). De acordo com instrução, a Dirf 2017 deverá ser apresentada até 15 de fevereiro. A instrução da Receita traz o detalhamento das pessoas jurídicas e físicas obrigadas a entregar o documento, dispõe sobre o programa gerador da declaração, determina prazos e penalidades e orienta quanto ao preenchimento da declaração.