Rio, 01 - O acesso das empresas do setor elétrico a financiamento está restrito pela elevada exposição das carteiras das instituições financeiras ao setor, afirmou nesta quinta-feira, 1º de dezembro, o presidente da Cemig, Mauro Borges Lemos.
"O sistema bancário está altamente exposto ao setor elétrico", afirmou Borges, que participa de uma mesa-redonda durante um seminário na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio. "O acesso das empresas a financiamento hoje está bastante restrito pela elevada exposição das carteiras dos bancos", completou.
Segundo Borges, o cenário é desafiador, num contexto em que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) restringe seu crédito para atender ao ajuste fiscal. "Temos um problema mais estrutural, num momento em que o BNDES restringiu fortemente o acesso a mecanismos de financiamento de longo prazo", disse o executivo.
O presidente da Cemig cobrou atenção na transição para que o setor de infraestrutura se adapte a um BNDES menor. "Temos de ter uma nova estrutura de funding para infraestrutura no Brasil, mas e a transição?", questionou Borges, ressaltando que o sistema financeiro brasileiro "está em desenvolvimento", enquanto o setor de "private equity" ainda "está subdesenvolvido".
"Como fica o financiamento do setor elétrico nesse momento de transição? No longo prazo, todos estaremos mortos", afirmou Borges. "Falar que isso tem de ser resolvido pelo sistema financeiro privado é profecia. A gente não descobriu ainda a luz no fim do túnel. A questão é como as soluções de mercado podem ser desenvolvidas, dado o subdesenvolvimento das fontes", completou.