São Paulo, 03 - Apesar de os comentários sobre o fim do e-Sedex circularem há mais de um ano, a notícia, anunciada nesta semana, de que os Correios vão extinguir o serviço a partir de 1º de janeiro pegou o e-commerce de surpresa. O e-Sedex é considerado a principal alternativa para entrega rápida de encomendas no varejo online.
Usado por pequenos e médios e-commerces desde que foi criado, há 16 anos, o serviço utiliza a mesma estrutura de entregas expressas comuns, mas custa entre 20% e 30% menos do que o Sedex tradicional. Os grandes varejistas, por fazerem um grande volume de entregas diárias, costumam contratar empresas privadas de entregas.
"Recebemos o anúncio como uma notícia muito ruim", disse o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Maurício Salvador. "Trará um aumento de preços imediato no frete e uma redução da qualidade. Quem vai pagar essa conta com os varejistas será o consumidor final."
Para Leandro Bassoi, diretor de logística do Mercado Livre, a medida deve levar a uma concentração de mercado, reduzindo o espaço dos pequenos sites. "Hoje, sem uma média de cem entregas por dia, você não consegue ter acesso a uma transportadora privada. O fim do e-Sedex prejudica muito os pequenos e médios empreendedores."
Sem fôlego
Procurados, os Correios não comentaram o fim do serviço. Fontes de mercado, no entanto, afirmam que a estratégia é parte do plano para reverter os prejuízos da estatal, que devem ser de R$ 2 bilhões neste ano; em 2015, as perdas foram de R$ 2,1 bilhões.
Segundo estimativas da ABComm, o preço do frete representa de 6% a 12% do valor pago de um produto adquirido pela web. Quanto menor é a loja virtual, maior o peso do custo da entrega. Sem volume para negociar o frete com transportadoras, o preço pago pelos pequenos empresários é parecido com o cobrado das pessoas físicas.
Há quem defenda, porém, que a baixa participação das empresas privadas de transporte - elas são 35 mil apenas em São Paulo - no e-commerce reflete uma vantagem competitiva dos Correios que prejudica o restante do setor. "Os Correios têm o monopólio para entrega de cartas e correspondências. Mas fazem uma interpretação jurídica disso para avançar também sobre as entregas expressas", disse Paulo Furquim, coordenador do Centro de Estratégia e Pesquisas do Insper.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.