São Paulo, 06 - O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, reforçou nesta terça-feira, 6, que dificilmente a indústria conseguirá atingir a previsão de produção para 2016, de 2,296 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
A projeção da Anfavea representa queda de 5,5% em relação ao volume atingido no ano passado, mas os resultados acumulados de janeiro a novembro indicam retração de 14,6% em comparação com igual período de 2015, para 1,952 milhão de unidades.
Megale disse que a dificuldade de atingir a previsão se deve principalmente a problemas de fornecimento enfrentados pela Volkswagen, que teve de suspender a produção em agosto e setembro por falta de peças. Sem citá-la nominalmente, ele disse que a montadora "deixou de produzir de 100 mil a 150 mil unidades".
De acordo com ele, é provável que a produção final de 2016 seja a previsão da Anfavea menos o prejuízo da Volkswagen.
O executivo disse ainda que espera que a produção de veículos repita em dezembro o ritmo de novembro, quando 213,3 mil veículos foram produzidos pelas montadoras instaladas no Brasil. "Novembro e dezembro costumam ser meses mais aquecidos para a indústria", explicou, citando ainda que o esforço da Volkswagen para recuperar o tempo perdido também tem colaborado.
"Mas mesmo sem isso haveria crescimento em novembro", disse. A produção em novembro cresceu 21,8% ante novembro do ano passado.
Os estoques, atualmente, segundo Megale, dão para 35 dias de venda, considerando o ritmo de emplacamentos verificado em novembro. Os pátios das montadoras e das concessionárias somam 206,3 mil unidades encalhadas.
O presidente da Anfavea informou também que a indústria conta com 2,2 mil funcionários em regime de lay-off (suspensão temporária de contratos) e outros 5 mil cadastrados no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal.
Instabilidade política
Megale disse ainda que a instabilidade política tem atrapalhado o avanço das reformas na área econômica, mas mostrou confiança na aprovação da PEC do Teto dos Gastos e na reforma da Previdência, consideradas por ele fundamentais para a retomada do crescimento e do mercado de veículos.
Ele reforçou que o setor espera um crescimento de um dígito para 2017, mas que ainda não há um número fechado. Se a crise política se aprofundar, ele não acredita em nova queda na venda de veículos, mas sim em uma diminuição do ritmo de crescimento.
O presidente da Anfavea afirmou ainda que o setor tem visto sinais de que novos investimentos serão anunciados pelas montadoras nos próximos anos. "Nosso setor é muito competitivo e ninguém pode ficar parado", afirmou Megale.
Nas últimas semanas, a Toyota anunciou um investimento de R$ 600 milhões em fábrica de Porto Feliz (SP) e a Volkswagen informou que planeja investir R$ 7 bilhões entre 2016 e 2020.