Brasília, 09 - Os preços dos produtos manufaturados no País cresceram mais que os custos industriais no terceiro trimestre do ano, embora ambos tenham variado pouco, de acordo com levantamento divulgado nesta sexta-feira, 9, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entre julho e setembro, o Índice de Custos Industriais cresceu 0,3% na comparação com os três meses anteriores, já descontados os efeitos sazonais do período. Na mesma comparação, o preço dos produtos fabricados no Brasil cresceu 0,5%.
A entidade destacou que, enquanto os custos nacionais aumentaram, o preço dos produtos manufaturados importados em reais apresentou retração de 6,8% no mesmo período, devido à valorização do real. "Com isso, o preço dos produtos importados se reduziu enquanto o custo da indústria brasileira se manteve estável, prejudicando a competitividade no mercado doméstico", comentou a CNI.
A pouca variação nos custos de um trimestre para outro se deveu aos efeitos contraditórios das principais variáveis que compõem o indicador. O índice de custo tributário cresceu 1,6% no terceiro trimestre de 2016, enquanto o índice de custo com capital de giro caiu 2,8%. Já o índice de custo de produção ficou estável, com ligeira alta de 0,1%.
A queda no custo com capital de giro foi a segunda consecutiva na série do indicador. "Cabe ressaltar que, até o final do terceiro trimestre, a autoridade monetária ainda não havia realizado cortes na taxa básica de juros, de modo que a retração no custo com capital de giro pode refletir a melhora na percepção de risco e o maior comprometimento das autoridades monetárias com a convergência da inflação à meta em 2017", disse a CNI no documento.
Dentre os componentes do índice de custo de produção, o custo com pessoal foi o que apresentou maior elevação, com alta de 2% no trimestre. Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, o aumento acumulado nesse indicador chega a 8,8%, superior à inflação medidas pelo IPCA em 12 meses até setembro (8,48%). "O resultado indica alta indexação dos salários industriais mesmo diante da crise econômica", avaliou a entidade.
Já o custo com bens intermediários - que também entra no cálculo do custo de produção - caiu 0,4% no trimestre. Considerando apenas a matéria-prima importada, a queda no custo no trimestre foi de 8,3%, graças à valorização do real. Por outro lado, o custo da matéria-prima nacional - usada em maior volume na indústria - cresceu pelo oitavo mês seguido, com alta de 1,0%, retirando parte dessa vantagem cambial do setor.
Por fim, o documento mostra que o custo com energia continua a tendência de recuo, com retração de 1,1% entre julho e setembro na comparação com o trimestre anterior. Após dez trimestre e alta, esse foi o segundo período consecutivo de retração nesse indicador, que considera tanto o preço da eletricidade (-1,2%) como do óleo combustível (-0,7%).