Apesar de o ambiente político ainda gerar incertezas, a confiança dos empresários estar baixa, os investimentos em queda, o consumo estagnado e o desemprego em alta, a indústria mineira projeta um 2017 melhor do que o ano que está terminando. Segundo dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer 0,98% no ano que vem e a economia mineira expandir 0,76%, contra redução de 3,49% e 3,74% este ano, respectivamente. “Este não foi um ano bom e 2017 também será desafiador, mas nós esperamos que seja um pouco melhor”, afirmou o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves. Com a previsão de uma retomada lenta da economia a partir do segundo semestre, a Fiemg prevê crescimento de 1,21% na produção industrial brasileira e de 0,88% na mineira no ano que vem. Em 2016, as fábricas no país reduziram a produção em 6,23%, enquanto em Minas o tombo foi de 6,95%.
Embora reconheça que a retomada da confiança depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff tenha perdido força no fim deste ano, o gerente do Departamento de Economia da Fiemg, Guilherme Leão, acredita que a redução da inflação permitirá ao Banco Central flexibilizar as taxas de juros, favorecendo a retomada do consumo das famílias e da confiança. “O que vai puxar o crescimento da economia brasileira será o consumo das famílias, que permanece estagnado, mas que terá uma melhora gradual, com a redução da inflação e do endividamento, no segundo semestre”, afirmou Guilherme Leão ao apresentar as projeções da indústria mineira.
Ele reconhece, no entanto, que há hoje 12 milhões de desempregados e que esse número tende a crescer no início do ano. “A retomada do emprego é um processo retardado em relação à recuperação da economia e a nossa expectativa é que as contratações na economia brasileira sejam retomadas a partir do segundo semestre de 2017”, afirmou Leão. Outro fator que deve favorecer a retomada do crescimento será a redução no endividamento das famílias, segundo a Fiemg, também no segundo semestre do ano que vem.
Outro fator que deve permitir uma leve retomada do crescimento econômico do país e de Minas no ano que vem são os investimentos. O economista da Fiemg lembra que no cenário de contenção de gastos os investimentos públicos tendem a cair, enquanto o aporte de recursos estrangeiros privados em projetos de infraestrutura deve ser acelerado com as concessões e parcerias público-privadas. Além disso, os investimentos em reposição de capital devem ser feitos pelas empresas. “Como a economia acumula queda de investimentos de 30% nos últimos anos, chega uma hora que há necessidade de investir para renovar as fábricas”, observou Leão. A previsão da Fiem é que os investimentos diretos no país, que devem fechar o ano em US$ 65 bilhões, cheguem a US$ 70 bilhões no próximo ano.
“A inflação caminha de forma lenta, mas sustentável para a meta e tudo indica que essa tendência continue e como há uma ociosidade grande na indústria e nas empresas isso permite uma redução dos juros para, aos poucos, haver uma retomada da atividade econômica”, afirmou o chefe do Departamento de Economia da Fiemg. A previsão da indústria mineira é que a taxa básica de juros, hoje em 13,75% ao ano, chegue a dezembro de 2017 em 10,75%. Já em relação às exportações, as perspectivas são de que elas tenham efeito neutro em função do baixo crescimento da economia mundial e da perspectiva adoção de medidas protecionistas pelos Estados Unidos.
Manifesto Apesar do leve otimismo nos números, a indústria mineira mostra apreensão diante do cenário político do país. “Os desmandos e o descalabro empurraram o Brasil e os brasileiros para a mais cruel recessão de sua história, com inflação elevada, juros recordes no mundo, taxa de investimento incompatível com a retomada do crescimento, recuo do consumo das famílias e a uma multidão de desempregados de mais de 12 milhões de brasileiros, diz texto da entidade publicado ontem nos jornais. No documento, da Fiemg e dos sindicatos a ela filiados, a indústria mineira afirma acompanhar, “com grande preocupação, o agravamento da crise ética, política e econômica”. Precisamos de um choque de ética, de brasilidade e de compromisso”, defende a entidade