O frango, tão consumido pelos brasileiros no dia a dia, terá lugar de destaque também na mesa de Natal. Preparado com temperos festivos e com “roupa” mais elegante, em muitas famílias a ave vai ocupar o lugar do peru, quase um símbolo da ceia, porém mais caro. Cortes tradicionais de suínos, como o pernil e o leitão, que agradam aos mineiros, devem se manter firmes como opções do cardápio e ainda ganhar a preferência daqueles consumidores que em épocas de crescimento econômico optavam por cortes mais caros, como o presunto tender. A carne suína também tem a seu favor a redução do preço em relação ao mesmo período do ano passado. O pernil com osso, por exemplo, está em média 9,5% mais barato que em dezembro do ano passado, segundo levantamento do Mercado Mineiro.
A diferença de preço entre o chamado frango festivo e o peru pode superar 25%. A variação atrai o consumidor de bolso vazio, que planeja fazer um Natal mais barato e repercurte nos números do varejo. A Associação Mineira de Supermercados (Amis) projeta para este fim de ano um crescimento de 3,6% nas vendas de frango. Já o peru, a estimativa é de retração em relação ao ano passado, na ordem de 1,5%.
Outra substituição à vista vai atingir a carne suína, o tender. A carne tipicamente natalina deve ser menos consumida que o pernil. “Com essa substituição, esperamos um crescimento acima de 1% nas vendas do pernil”, calcula Antônio Claret, superintendente da Amis. Segundo o executivo, em momentos de renda menor é natural a troca de produtos pelo consumidor e por isso os supermercados estão investindo na variedade, oferecendo opções de menor custo.
Levantamento do Mercado Mineiro que comparou preços dos produtos da ceia de Natal entre 2015 e 2016 mostra que o pernil congelado teve o preço reduzido, em média, em 7,5%, o pernil com osso ficou 9,5% mais barato, e o lombo chegou a cair 31%. Já o chester encareceu em média 3,4% nos estabelecimentos pesquisados e o peru 7%. O bacalhau do Porto é outro item cotado para a ceia que ficou 5,1% mais barato esse ano.
Com uma infinidade de opções que invadem as gôndolas, ficou mais fácil para o consumidor adequar o orçamento. A gastrônoma Luiza Fiorini explica que é possível organizar uma ceia gastando menos, com ajuda da criatividade e de vídeos que ensinam receitas na internet. Para quem quer fugir do tradicional, o leque é ainda maior, aponta a gastrônoma. “É possível fazer uma boa ceia aproveitando as frutas com preços mais em conta e cortes menos cotados para a comemoração. Há muitas receitas que ajudam o consumidor a aprender a utilizar itens mais baratos, por exemplo, as lascas de bacalhau, ou alguns cortes bovinos. Compartilhar a ceia com a família também é uma boa opção, assim cada um fica responsável por um único prato”, sugere.
Para pegar o consumidor pelo bolso e aproveitar a maior disponibilidade para os gastos, típica do período natalino, empresas estão investindo na variedade, lançando produtos que se adequam aos tempos de crise. Esse é o caso da mineira Pif Paf. O gerente corporativo de relações institucionais da empresa, Cláudio Faria, diz que este ano o consumidor poderá escolher entre mais de 300 itens. Driblando a crise, a Pif Paf aposta em crescimento de 8% no volume de vendas em relação ao ano passado. Entre os produtos que devem ajudar a alvancar o crescimento estão itens como as aves temperadas, lombo suíno e pernil.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que não estimava crescimento nas vendas, está revisando para cima as previsões. “O saldo dos negócios surpreendeu e está seguindo, de forma geral, com crescimento médio de até 5%”, diz Ricardo Santin, vice-presidente de mercados da ABPA.
A administradora de empresas Carla Dellacroce diz que ainda não se decidiu sobre o cardápio do Natal, mas considera que este ano os preços estão maiores, por isso, seja qual for sua escolha, antes ela vai pesquisar preços.
Procura por ceias prontas
O mercado de ceias prontas continua firme neste Natal e fornecedores esperam crescer até 30% em seu volume de vendas impulsionado por aqueles consumidores que preferem encomendar o jantar para a família. A padaria Vianney, no Bairro Funcionários, há 24 anos investe na comodidade dos pratos prontos. Entre os líderes de pedidos estão o pernil, o lombo e o leitão, explica a analista de marketing da padaria, Lucilaine Silva. Segundo ela, um leitão à pururuca, decorado com ameixa, abacaxi e fios de ovos, para seis pessoas, está custando aproximadamente R$ 135. Há também opções de frango, peru, chester, entre outros. A padaria encerra as encomendas para o Natal hoje, às 12 horas.
O supermercado Super Nosso também fabrica as ceias por encomenda desde 2012. Este ano a rede ampliou a oferta para todas as suas lojas e assim também espera crescer as encomendas em 30%. A ceia de peru, por exemplo, para seis pessoas, acompanhada de arroz, farofa natalina e molho de laranja, é vendida por R$ 199. Já o pernil, para 12 pessoas, também acompanhado de arroz, farofa e molho de cozimento, pode ser encomendado por R$ 399.
Segundo o Mercado Mineiro, a variação entre itens também é grande em Belo Horizonte. No caso do peru da Perdigão, por exemplo, a diferença de preços entre estabelecimentos pode chegar a 19%. O pernil Sadia pode variar 9,2% e o lombo chega a 40%.
O consumidor que prefere montar o seu cardápio em casa e apenas assar o item escolhido em padarias também deve ficar atento. Segundo o Mercado Mineiro, a variação chega a 72%. Para assar um chester, por exemplo, o serviço pode custar de R$ 29 a R$ 50. Já os preços cobrados para assar um pernil variam de R$ 49 a R$ 80, diferença de 63%.