Com a tarefa de fazer um completo raio-x das lavouras de soja e milho, antecipando o resultado da supersafra de grãos esperada para ajudar a reverter os dados ruins do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano passado, agrônomos, economistas e engenheiros especializados no agronegócio partiram nessa terça-feira (7) de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para uma jornada de quatro dias de visita e coleta de amostras em plantações de soja de Minas Gerais, Goiás e Bahia. Formada por 15 profissionais, a expedição percorrerá cerca de 8 mil quilômetros entre o município mineiro e a cidade baiana de Barreiras.
Se confirmada, a performance de 2017 será 20,3% superior à da safra colhida no ano passado. Em Minas Gerais, a expectativa é de que sejam colhidas 13,8 milhões de toneladas de grãos, representando acréscimo de 17,1% frente a 2016. Milho e soja devem participar com 90% da safra mineira.
Ao passar por Uberaba, onde o programa foi apresentado no recém-inaugurado Terminal Integrador de Uberaba, empreendimento da VLI, especializado no carregamento e despacho de grãos e açúcar, o coordenador da equipe, Marcos Rubin, afirmou que o desafio da supersafra brasileira está na logística de escoamento. “Até agora, a safra brasileira vai muito bem e as produtividades têm sido excelentes tanto no Mato Grosso quanto no Paraná”, disse Marcos Rubin, responsável pelo setor de grãos da consultoria Agroconsult, que executa o levantamento de dados. O trabalho começou em janeiro por essas duas regiões, onde a colheita sofreu atraso em razão de chuvas fortes.
Nas lavouras de soja de Minas, a equipe espera encontrar produtividade média de 53 sacas (de 60 quilos) por hectare, ante 54 no ano passado, taxa que deve superar a média nacional de 49 sacas por hectare. Ao todo, 15 profissionais em quatro carros visitarão lavouras de Minas, Goiás e da Bahia nos próximos dias. O objetivo deles é recolher indicadores para estimar a eficiência das plantações, detectar e analisar a presença de transgenia, características físicas e nutricionais da lavoura, mapear os níveis de fertilidade do solo e avaliar a ocorrência de pragas, doenças e plantas daninhas.
EFICIÊNCIA Segundo o gerente comercial de agronegócio da VLI, Igor Bretas de Figueiredo, a companhia vem trabalhando com foco total no escoamento mais eficiente da safra. A empresa está concluindo investimentos de R$ 230 milhões no terminal de Uberaba (TIUB), que faz parte do Corredor Centro-Sudeste, fluxo logístico implantado pela VLI que, por meio da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), faz a interligação do interior de Goiás, passando por Minas e São Paulo, com o porto de Santos (SP).
No litoral, a empresa está também investindo na ampliação de terminal próprio – o Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita –, que terá capacidade para movimentar 14,5 milhões de toneladas por ano de produtos como grãos, açúcar e fertilizantes. Inaugurado em janeiro do ano passado, o terminal de Uberaba é considerado um dos mais modernos da América Latina para transbordo de grãos e açúcar. A estrutura integrada que recepciona os caminhões com soja e açúcar e despacha a carga por meio da ferrovia reduziu o tempo de carregamento dos trens de três dias para cerca de cinco horas.
Novas cargas estão sendo recebidas no terminal, vindas de Goiás e do Mato Grosso, além de Minas Gerais. O gerente de agronegócio da VLI informou que o empreendimento testará a partir de maio a sua capacidade mensal de escoamento dos produtos, que ao alcançar o pleno funcionamento será de 6,3 milhões de toneladas de grãos e 2,4 milhões de toneladas de açúcar por ano. “Nosso objetivo é dar eficiência ao escoamento da safra. Se o terminal dá a possibilidade de o caminhão descarregar rápido e ao trem carregar também com mais velocidade, toda a cadeia ganha eficiência”, afirma Igor Figueiredo. Uma vez concluídas as obras no terminal portuário próprio da VLI, provavelmente em dezembro, com toda a integração funcionando desde Uberaba, um total de 1,5 milhão de caminhões que partiriam de Minas, Goiás e Mato Grosso terão sido retirados das estradas.
Organizado pela Agroconsult, o Rally da Safra 2017 é patrocinado pelas empresas Banco Santander, Bayer, Monsanto, Pirelli, VLI, Volkswagen e Yara. O raio-x das lavouras de soja e milho, antecipando o resultado da safra, deverá corresponder a 95% da área de produção da soja no país e a 72% da área plantada de milho.
*A repórter viajou a convite da VLI