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Estado de Minas

Infidelidade financeira pode destruir casamentos

De acordo com especialistas, dinheiro é motivo de brigas para quatro em cada 10 brasileiros casados


postado em 19/03/2017 07:26

Fila de pessoas à procura de emprego é constante nas agências do Sine em Belo Horizonte(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 4/1/16)
Fila de pessoas à procura de emprego é constante nas agências do Sine em Belo Horizonte (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 4/1/16)

Brasília – Todo casal sonha com o “felizes para sempre”, mas viver a dois exige diálogo e planejamento quando o assunto é dinheiro.

Considerado tabu em alguns lares brasileiros, o tema é motivo de brigas para quatro em cada 10 brasileiros casados, de acordo com o SPC Brasil.

Entender como o parceiro se relaciona com as finanças e adequar os diferentes perfis de consumo pode ser a chave para o sucesso financeiro da família.

A planejadora financeira Annalisa Blando Dal Zotto, sócia-fundadora e diretora-geral da Par Mais, afirma que infidelidade financeira é o segundo motivo que mais causa divórcios entre casais no mundo.

“O que ocorre é que há pouca educação financeira e cada um se relaciona com finanças de um jeito diferente, o que leva a atritos”, explica. Não contar sobre compras, deixar as sacolas no carro, omitir dívidas e ter aplicações e investimentos financeiros escondidos do parceiro é uma “grande quebra na confiança”, para a especialista.

“O casamento é uma sociedade. Quando um sócio omite despesas para o outro, pode causar problemas no negócio. O mesmo ocorre no casamento. É difícil que o relacionamento vá pra frente com tantas mentiras”, destaca.

O estudo do SPC Brasil apontou que as discordâncias sobre despesas de casa, falta de reservas para imprevistos e não querer pagar pelos gastos do cônjuge estão entre os principais motivos para a briga começar.

Entre os brasileiros casados, 40% não contam sobre todas as compras em casa. Não falar sobre como usam os recursos financeiros é o pior erro que um casal pode cometer ao tentar levar uma vida a dois.

Se o casal nunca falou sobre o assunto, nem mesmo durante o namoro, o momento é agora. “É importante ter objetivos em comum, não tem como ir pra frente se um quer ir para a direita e o outro para a esquerda”, sugere Annalisa.

Ela recomenda que o casal combine o que será feito com a renda familiar e defina os planos e as estratégias para alcançar os objetivos. Adiar a conversa pode causar ainda mais problema. Se a situação já está no extremo e um dos parceiros está endividado pode acabar se afundando mais ainda.

“A pessoa acaba fazendo extravagâncias em casa para o parceiro não desconfiar que a situação está ruim. Com isso, acaba gastando mais ainda e piorando a situação”, aponta o educador financeiro Pedro Madureira Neto, diretor da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).

Ele aconselha que as famílias dediquem um tempo para se reunir, mensalmente, com a presença dos filhos. Com o planejamento financeiro e o orçamento da família em mãos, analise para onde os recursos da família são direcionadas.

TUDO DIVIDIDO
A nutricionista Juliana Braga, de 36 anos, e o advogado Pablo Sanches Braga, de 36, precisaram aprender cedo como organizar as finanças. Casados há 18 anos, Juliana conta que desde o namoro sempre dividiram tudo.

“Vivianos de mesada e se queríamos ir ao cinema, por exemplo, um pagava os ingressos e o outro a pipoca”, relembra. Quando o casal teve filhos, decidiram que Juliana priorizaria cuidar dos filhos e Pablo ficaria com a maior parte das despesas da casa.

“Ele nunca teve problema em dividir o dinheiro. Sempre foi da família”, argumenta Juliana. Para manter a sintonia, o casal sonha junto: a prioridade é a educação das crianças, por isso escolheram a escola a dedo, mesmo que custe um pouco mais caro no fim do mês.

Hoje, Juliana está começando um novo negócio e ajudando em casa. Juntos, decidiram que ele continuaria com as despesas mais rotineiras, como contas domésticas, supermercado e escolas e ela com os cursos extras dos filhos e reserva para as férias.

A conta bancária é conjunta e fica sob a responsabilidade de Pablo. O casal mantém um fundo de reserva fixo, com o valor suficiente para mantê-los por seis meses.

“Sempre sentamos e conversamos sobre o que foi feito nos mês, quanto depositei e as movimentações. Ela também sabe dos meus investimentos, não em detalhes, mas sempre quanto temos”, analisa.

A psicóloga e orientadora em comportamento financeiro, Patricia de Rezende, idealizadora do site PsicologiaFinanceira.com.br, ressalta que, a partir do momento que duas pessoas decidem compartilhar uma vida, o dinheiro será parte disso.

Para ela, o diálogo sozinho não basta. É importante que o outro conheça a realidade financeira do parceiro. “As diferenças de conduta financeira são determinadas pela dinâmica emocional, independentemente do sexo.

Podemos ter homens ou mulheres mais economistas e compulsivos para gastos”, menciona. A especialista ressalta que as diferenças entre as pessoas devem ser encaradas como aspectos positivos e saudáveis.

“O casal tem que encontrar um ponto de equilíbrio. O parceiro pode ser um aliado para ajudar no que temos dificuldade e ser um complemento”, complementa.

Desemprego causa depressão


A pesquisa “Impactos do Desemprego: saúde, relacionamentos e estado emocional”, conduzida pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostra que, além de trazer complicações à vida financeira, o desemprego afeta também o estado físico e emocional das pessoas.

De acordo com o estudo, 59% dos entrevistados se sentem deprimidos ou desanimados, 63% estão estressados ou nervosos e 62% dizem ter estado angustiados.

Também foram citados sentimentos de privação de consumo que tinha anteriormente (75%), ansiedade (70%) e insegurança de não conseguir um novo emprego (68%). Em menor proporção foram mencionados sentimentos de medo (57%), baixa autoestima (55%), perda de valor perante as pessoas (39%), vergonha diante de amigos ou parentes (37%) e culpa (26%).

Por outro lado, 54% das pessoas passaram a sentir-se esperançosas com a vida depois de perder o emprego e três em cada 10 (30%) estão mais otimistas do que eram antes e confiam que coisas boas vão ocorrer.

Os entrevistados também disseram que o desemprego afetou a saúde, à medida que mais da metade (51%) teve alterações no sono, 45% relatam mudanças no apetite, 40% têm dores de cabeça ou enxaquecas frequentes, 29% tiveram alteração na pressão (principalmente aqueles com mais de 50 anos, 54%) e 16% disseram descontar a ansiedade em vícios como álcool, cigarro, comida entre outros.

Segundo Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, o trabalhador precisa ter uma visão realista de sua situação para evitar problemas financeiros maiores. “Foram entrevistados pessoalmente 600 brasileiros desempregados acima de 18 anos, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais nas 27 capitais. A margem de erro geral é de quatro pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.


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