Brasília - Com quase R$ 80 bilhões aplicados em participações de empresas, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acumula alguns insucessos. Parte das companhias que compõem a carteira de ações da estatal está em recuperação judicial ou na mira da Polícia Federal (PF), do Ministério Público Federal (MPF) e até de órgãos de controle de outros países, por suspeitas de corrupção.
Um dos casos mais emblemáticos é da varejista Arapuã, da família Simeira Jacob. A empresa, que na década de 1990 era uma das maiores do país e competia com Casas Bahia e Ponto Frio, não resistiu à crise dos Tigres Asiáticos. Naquela época, o Banco Central (BC) foi obrigado a elevar os juros significativamente, a inadimplência das empresas que vendiam a prazo disparou e a companhia teve prejuízos milionários.
Antes de quebrar, em 1998, a Arapuã tinha 265 lojas, mais de 2 mil funcionários e faturava R$ 1,6 bilhão. Atualmente, o BNDES tem menos de 5% das ações da empresa. Outro mico da estatal é a LBR Lácteos Brasil, join venture criada para tentar consolidar diversas empresas do segmento de lácteos no país e que tinhas entre suas marcas a Parmalat, a Poços de Caldas e a Boa Nata. A companhia entrou com um pedido de recuperação judicial em 2013, mesmo sendo uma das escolhidas pelo governo petisca para ser uma das campeãs nacionais.
O banco de fomento tem 30% dos papéis da empresa do setor de lácteos. A Lupatech, fornecedora de produtos e serviços para o setor de pretróleo e gás, é outra companhia da qual o BNDES é acionista está em recuperação judicial. O primeiro plano foi apresentado em maio de 2015 e outro em setembro de 2016. Como justificativa, detalhou que teve dificuldades para gerir uma série de aquisições, realizadas ente 2006 e 2010, além da redução da demanda do maior cliente, a Petrobras. A estatal detém 30% das ações da empresa.
CRISE
Mesmo com menos de 1% das ações, a construtora e incorporadora PDG é outro exemplo de insucesso do BNDES. O pedido de recuperação judicial foi enviado à Justiça em fevereiro passado e envolve 512 empresas, entre subsidiárias e empreendimentos e uma dívida de R$ 6,2 bilhões. Na petição encaminhada ao Judiciário, a empresa culpa a crise e o volume excessivo de clientes que desistiram da compra do imóvel para justificar seus problemas financeiros.
O banco de fomento ainda era acionista da Casa Anglo Brasileira, antiga Mappin, até setembro de 2016, com 22,34% de participação na companhia. Entretanto, a falência da empresa foi decretada, o CNPJ foi extinto e o prejuízo incorporado. Entre as campeãs nacionais que receberam aportes do BNDES, a Oi é outra que não deu certo.
Em junho do ano passado, a empresa ingressou com um pedido de recuperação judicial e alegou uma dívida de R$ 65,4 bilhões. Esse é o maior caso da história brasileira a tramitar nos tribunais. A companhia do setor de telecomunicações nunca ameaçou os concorrentes e a estatal ainda mantém menos de 5% dos papéis da Oi.