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Estado de Minas ENTREVISTA/WAGNER LUIZ MONTEIRO DOS SANTOS

Fraude na carne: 'Saneamento deve ser administrativo', diz especialista

Es­pe­ci­a­lis­ta da UFMG ti­ra dú­vi­das de lei­to­res do EM em ba­te-pa­po ao vi­vo so­bre os ris­cos da frau­de de fis­ca­li­za­ção na car­ne bra­si­lei­ra


postado em 21/03/2017 06:00 / atualizado em 21/03/2017 07:49


Ao chegar para a entrevista ao vivo no estúdio do Estado de Minas, o professor Wagner Luiz Monteiro dos Santos, da Escola de Veterinária da UFMG, trazia nas mãos a charge do cartunista Quinho, publicada na edição de ontem do EM (foto).

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
No Congresso Nacional, um gigantesco moedor de carne tritura a corrupção personificada em homens de gravata representando políticos, nos traços do desenho, "Traduziu com perfeição a raiz do problema. O comando de uma questão de saúde pública esteve nos últimos anos nas mãos de políticos, em vez de técnicos competentes. É preciso sanitizar a administração", diz o especialista, coordenador do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal da UFMG. Em meio à repercussão do escândalo exposto com a operação Carne Fraca, o professor desfez dúvidas dos leitores por meio de vídeo ao vivo no Facebook.


Es­ta­do de Mi­nas - Co­mo o se­nhor en­xer­ga a re­per­cus­são da Ope­ra­ção Car­ne Fra­ca e qual a re­al di­men­são do pro­ble­ma?

Nós apoi­a­mos a ação da Po­lí­cia Fe­de­ral, de­fla­gra­da pe­la ação de um co­le­ga da pró­pria ins­pe­ção fe­de­ral, pa­ra eli­mi­nar um pro­ble­ma sé­rio lo­ca­li­za­do, mas que afe­ta pro­fun­da­men­te a con­fi­an­ça no ser­vi­ço de inspeção. Is­so é la­men­tá­vel por­que te­mos o me­lhor ser­vi­ço de ins­pe­ção do mun­do e a ação ho­je fi­ca mui­to po­lí­ti­ca, com en­vol­vi­men­to po­lí­ti­co exa­ge­ra­do no co­man­do dos ser­vi­ços de ins­pe­ção, que se so­bre­põ­em às ques­tõ­es técnicas. E is­so pre­ci­sa ser melhorado.

Jo­sé Al­mir Ro­sa - Até que pon­to con­se­gui­mos de­tec­tar a olho nu os pro­du­tos com es­ta­do da car­ne ven­ci­da mas­ca­ra­da?
Na car­ne in na­tu­ra, não é per­mi­ti­do adi­ci­o­nar ne­nhu­ma subs­tân­cia; é a lei. O áci­do sór­bi­co é um an­ti­o­xi­dan­te que po­de atu­ar na es­ta­bi­li­za­ção da cor, mas is­so não é per­mi­ti­do no ní­vel industrial. Mas em lin­gui­ça, sal­si­cha e mor­ta­de­la, a subs­tân­cia é usa­da na for­mu­la­ção, de ma­nei­ra pre­vi­a­men­te apro­va­da pe­las au­to­ri­da­des sa­ni­tá­ri­as co­mo aditivo. Os de­ta­lhes pre­ci­sam ser di­vul­ga­dos, pa­ra sa­ber em que ti­po de car­ne hou­ve irregularidade.

Do­min­gos No­guei­ra - É ver­da­de que os fis­cais agro­pe­cu­á­ri­os são mé­di­cos ve­te­ri­ná­ri­os e os agen­tes de ins­pe­ção não pre­ci­sam ser da área?
É pre­ci­so es­cla­re­cer que quem de­tém o co­nhe­ci­men­to é o mé­di­co veterinário. Ele con­ta, con­tu­do, com uma equi­pe de pro­fis­si­o­nais an­ti­ga­men­te cha­ma­dos de au­xi­li­ar ve­te­ri­ná­ri­os, ho­je agen­tes sa­ni­tá­ri­os, su­per­vi­si­o­na­dos por ele. Ca­da ins­ti­tui­ção tem que ter ao me­nos um mé­di­co veterinário. De­pen­den­do do vo­lu­me da pro­du­ção, três. Pa­ra ex­por­ta­ção, quatro. A ins­pe­ção de­ve con­tro­lar a saú­de do ani­mal, as con­di­çõ­es es­tru­tu­rais do es­ta­be­le­ci­men­to e o pro­ces­sa­men­to tecnológico. Há um dé­fi­cit enor­me no pes­so­al ne­ces­sá­rio pa­ra fa­zer o trabalho. E co­mo o co­man­do não es­tá na mão de téc­ni­cos, mas na de políticos...

Ce­cí­lia Fi­guei­re­do - O se­nhor não acha que is­so é guer­ra de mer­ca­do pa­ra pre­ju­di­car o Bra­sil?
Po­de até ser, mas acre­di­to que não. A si­tu­a­ção é mui­to lo­ca­li­za­da, com três es­ta­be­le­ci­men­tos até ago­ra in­ter­di­ta­dos, den­tro de um par­que in­dus­tri­al de mais de 4 mil unidades. Pe­lo que tem si­do di­vul­ga­do na im­pren­sa, é pre­ci­so apu­rar e ve­ri­fi­car as res­pon­sa­bi­li­da­des dos co­le­gas à fren­te da ins­pe­ção, prin­ci­pal­men­te os en­car­re­ga­dos den­tro dos estabelecimentos.

Gláu­cia Sen­na
- É me­lhor evi­tar­mos con­su­mir as mar­cas en­vol­vi­das nes­se es­cân­da­lo, ao me­nos por en­quan­to?
Eu acre­di­to que sim, até que o go­ver­no, a ins­pe­ção fe­de­ral mos­tre efe­ti­va­men­te o sa­ne­a­men­to que de­ve ser fei­to sob o pon­to de vis­ta administrativo. Pa­ra de­mons­trar que hou­ve a tro­ca dos fiscais. Por­que a coi­sa fun­ci­o­na as­sim: sai de Bra­sí­lia, tem as su­pe­rin­ten­dên­ci­as aqui em Mi­nas, por exem­plo, as re­gi­o­nais e nos estabelecimentos. É pre­ci­so de­mons­trar, ali nes­sa pon­ta da ins­pe­ção, se as equi­pes dos ve­te­ri­ná­ri­os es­tão completas. A pro­du­ção de car­ne no Bra­sil não é brin­ca­dei­ra, é uma ques­tão de se­gu­ran­ça nacional. Nos­so re­ba­nho tam­bém fi­ca ex­pos­to com es­sa pro­ble­má­ti­ca, que tem vi­és eco­nô­mi­co, so­ci­al e sanitário.


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