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Estado de Minas

Recessão e queda da inflação podem acelerar corte de juros

Apesar das condições macroeconômicos favoráveis para acelerar a redução da taxa básica de juros (Selic), especialistas avaliam que Banco Central será cauteloso diante do cenário conturbado e das tensões mundiais.


postado em 10/04/2017 06:00 / atualizado em 10/04/2017 09:38

Brasília – A profunda recessão econômica e o contínuo processo de arrefecimento da inflação permitiriam ao Banco Central (BC) cortar os juros em mais de um ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa amanhã, avaliam economistas.

Apesar das condições macroeconômicos favoráveis para acelerar a redução da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 12,25%, os mesmos especialistas avaliam que a equipe de Ilan Goldfajn será cautelosa, diante do cenário político conturbado e das tensões mundiais.

No mercado, o resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, que cravou alta de 0,25%, abaixo dos 0,28% projetado pela diretoria do BC no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), reforçou o discurso de quem espera uma atuação mais agressiva da autoridade monetária para reduzir os juros. Esse desempenho levou a inflação do primeiro trimestre, que ficou em 0,96%, ao menor nível desde o início do Plano Real, em 1994. Nos últimos 12 meses encerrados em março, o IPCA acumula alta de 4,57% e os analistas já esperam que o índice esteja abaixo de 4% nos próximos meses.

 Além da trajetória de inflação favorável, os dados fracos do varejo, do setor de serviços e da indústria mostram que a recuperação da economia será a passos lentos. Com resultados mensais abaixo do esperado, somente o agronegócio mantém trajetória de crescimento, insuficiente para reanimar toda a economia. Com isso, acelerar a flexibilizarão da política monetária poderia favorecer o processo de retomada da atividade econômica.


Quem conhece a equipe de Goldfajn avalia que mesmo com o ambiente favorável para cortes mais profundos na Selic, a diretoria do BC será cautelosa e manterá o discurso de aceleração moderada apresentado no RTI. Na última reunião do Copom, a autoridade monetária surpreendeu o mercado ao corte os juros em 0,75 ponto percentual quando o mercado estava convencido de que a redução seria de 0,5 ponto percentual. Apesar das condições favoráveis, o mercado descarta uma nova surpresa que poderia criar desconforto já que a comunicação construída desde o último encontro do colegiado seria deixada de lado.


Técnicos da autoridade monetária ressaltam que as principais preocupações dos diretores do BC no momento são a escalada das tensões globais, com os ataques dos Estados Unidos à Síria, e o aumento da percepção de que a reforma da Previdência não deve ser aprovada no Congresso Nacional. Sem o aval dos parlamentares para mudar as normas para concessão de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a trajetória de crescimento da dívida pública não mudará e as contas públicas continuarão fragilizadas.


Além disso, a incursão militar norte-americana contra armas químicas desagradou a Rússia e um eventual conflito entre as duas maiores potências bélicas mundiais provocaria histeria nos mercados globais. Com isso, o BC seria obrigado a interromper o ciclo de afrouxamento monetária e até a alta de juros voltaria a ser debatida.

Política contracionista

Com a inflação caminhando para o centro da meta, de 4,5% ao ano, a taxa de juros ainda se encontra em patamar contorcionista, avalia o economista da Daycoval Investimentos, Rafael Cardoso. Ele explica que, além da Selic em alta, o contingenciamento orçamentário de R$ 42,1 bilhões potencializa o impacto negativo sobre a atividade econômica, já que não haverá demanda tanto do setor privado quando da administração pública. Dessa forma, Cardoso estima que a economia não crescerá em 2017 e o resultado não será negativo porque o agronegócio brasileiro continuará a registrar resultados positivos.


Promover cortes superiores a um ponto percentual, avalia o economista da Daycoval, favoreceria empresas e famílias que estão endividadas e teriam melhores condições de renegociar os débitos. Cardoso detalha que os próximos meses deixarão claro para o BC que a trajetória de inflação é benigna e que a atividade econômica continuará fraca. “A conjuntura justifica cortes mais intensos dos juros. A inflação tem caído de maneira acentuada e com o passar do tempo a autoridade monetária dará mais peso ao IPCA do próximo ano. E as expectativas estão ancoradas”, comenta.


Para ele, o BC fará dois cortes seguidos de um ponto percentual, já que uma nova surpresa não deve ocorrer. Ele destacou que uma terceira redução nesse patamar não é descartada, diante da fraqueza da atividade econômica e da inflação comportada. O nível de ociosidade da atividade produtiva e as surpresas inflacionárias favoráveis justificariam um corte superior a um ponto percentual da Selic, comenta o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal. Entretanto, ele ressalta que o mantém o nível de conservadorismo da autoridade monetária são as incertezas internas e externas.


Leal destaca que a equipe de Ilan Goldfajn não quer reduzir os juros agressivamente e ter de subir a taxa diante de uma surpresa. “Os riscos são bastante altos. O principal deles é a reforma da Previdência. Se o texto estivesse bem encaminhado no Congresso, o BC seria mais abrasivo. Mas não é isso que temos observado”, ressalta.

 

 

 


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