Rio, 26 - A crise que abateu a economia brasileira e respingou no mercado de trabalho fez aumentar o número de trabalhadores sindicalizados, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2015, o Brasil tinha 94,4 milhões de trabalhadores de 16 ou mais anos de idade, sendo que 18,4 milhões, ou 19,5%, eram sindicalizados.
Os dados foram levantados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Aspectos das Relações de Trabalho e Sindicalização 2015, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 26, conforme recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Embora a população ocupada tenha recuado 3,8% em relação a 2014, com 3,7 milhões de vagas fechadas, o contingente de sindicalizados cresceu 11,4%, o equivalente a 1,9 milhão de pessoas a mais vinculadas a seus respectivos sindicatos.
"Em meio à crise, quatro milhões de pessoas perdem o emprego e outras duas milhões se sindicalizam. Isso com certeza está ligado a um processo de proteção. Eu estou vendo que está todo mundo sendo demitido, então vou me associar ao sindicato para ter meus direitos garantidos. A própria crise pode ter levado os trabalhadores a buscarem sindicalização", explicou Azeredo.
O coordenador do IBGE ressalta que o patamar de sindicalização no Brasil ainda é baixo comparado a outros países. Ele pondera que houve duas altas consecutivas nos últimos dois anos. Em 2014, o total de sindicalizados cresceu 6,9% em relação a 2013, 1,074 milhão de pessoas a mais.
Na passagem de 2014 para 2015, houve aumento em todas as atividades pesquisadas, embora a maioria (79,1%) tenha declarado que não utiliza os serviços do sindicato da categoria.
Quanto aos não sindicalizados, cerca de 83,1 milhões de trabalhadores em todo o País, 26,4% declararam que não eram associados porque desconheciam o sindicato que representava a sua categoria.