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Estado de Minas TEMPORÁRIOS NO EMBALO DAS FESTAS

Alta na produção de eventos na Grande BH garante expansão de vagas para freelancers

Procura por profissionais para trabalhos à noite ou em fins de semana cresce mais de 40%


postado em 30/04/2017 09:45 / atualizado em 30/04/2017 10:05

No Luau da naSala, na Land Spirit, mais de 120 funcionários garantiram a alegria do público(foto: Graziela Reis/EM/D.A Press)
No Luau da naSala, na Land Spirit, mais de 120 funcionários garantiram a alegria do público (foto: Graziela Reis/EM/D.A Press)

Belo Horizonte é a capital dos bares, mas também está se tornando referência em grandes festas, que garantem emprego e renda extra para milhares de pessoas. Cada uma das produções feitas na Região Metropolitana da capital mineira gera entre 100 e 1 mil vagas temporárias destinadas a funções diversas. E, apesar da crise econômica enfrentada pelo país, o número de festas e shows na cidade é crescente – o que significa que as oportunidades também estão em efervescência.


Lucas Melo Vasconcelos, de 26 anos, é exemplo de profissional que não tem o que reclamar da movimentação das festas de BH. Ele é operador de serviços de bar e sócio da All Star Tenders. “Fornecemos serviços para de três a quatro eventos por fim de semana”, afirma. E em cada um desses eventos ele precisa recrutar entre 120 e 1 mil funcionários temporários. “É um mercado que tem estado muito bom”, garante. No último ano, ele calcula que a demanda gerada pelas festas cresceu cerca de 40%.

Lucas Vasconcelos, da All Star: mercado aquecido e treinamento anual para formar cadastro(foto: Graziela Reis/EM/D.A Press)
Lucas Vasconcelos, da All Star: mercado aquecido e treinamento anual para formar cadastro (foto: Graziela Reis/EM/D.A Press)

Para garantir o atendimento com qualidade, Lucas Vasconcelos, também conhecido como Batata, conta que promove treinamentos anuais para os interessados. “A maioria é de universitários que aproveitam para garantir uma renda extra”, explica. O valor pago por profissional varia de R$ 100 a R$ 600, por festa. “E sempre tem vaga para quem gosta de trabalhar.” A estudante de design de ambientes Bárbara Mendes Campos, de 27, confirma que o mercado para temporários em eventos tem melhorado. Ela trabalha como bartender, recepcionista e cerimonialista. “Eu gosto de trabalhar com casamentos, mas, se a pessoa é bem preparada, pode aproveitar muitas oportunidades”, conta. Mas ela lembra que é uma área pesada e com horários bem diferentes. “Tem que fazer seu nome e ter muita disposição”, ensina.

No Luau da naSala, na Land Spirit, no mês passado, por exemplo, Lucas Vasconcelos diz que contou com o serviço de 120 profissionais para trabalhar madrugada afora. Ele mesmo fica de bar em bar oferecendo suporte, bebidas e bom humor.

Kiko Gravatá, gestor da naSala, conta que produziam de seis a sete eventos por ano com a assinatura da sofisticada boate da Região Centro/Sul de BH. “Mas encontramos boas oportunidades e clientes buscando novas experiências. Com isso, passamos a oferecer novos eventos e em horários diferentes”, conta. Se continuassem apenas com a boate, os resultados teriam permanecido estáveis. Mas com a estratégia de apostar em festas que oferecem “a alegria como o produto da casa”, o faturamento cresceu 170% no último ano e a geração de vagas temporárias acompanhou. “Em cada festa contratamos de 180 a 250 temporários”, calcula Gravatá.

Para garantir a qualidade na prestação de serviço, ele diz que já têm um cadastro de empresas e profissionais prontos para garantir o padrão naSala. “Com a frequência das contratações, conseguimos imprimir a cultura organizacional da naSala”, reforça. Entre as vagas abertas por evento, ele cita que há desde profissionais de segurança e limpeza até atendentes em bares e coordenadores.

VOCAÇÃO

Léo Ziller, sócio do Secreto/Hangar e BH Dance Festival, observa que os produtores de eventos estão mais confiantes e agressivos em épocas do ano que eram consideradas “paradas” na Grande BH. Em janeiro e fevereiro, por exemplo, os eventos se multiplicaram e ainda tiveram a ajuda do fortalecimento do carnaval na cidade. “BH é muito bem quista pelos turistas. O mineiro não tem rótulo e por isso não há rejeição para as festas daqui. É como os baianos. Mas estamos em uma região mais central. O mercado deu uma revigorada”, analisa.

E Ziller acredita que este movimento não vai parar. Tanto que investiram na construção do Hangar, no Olhos D’água, para atender um nicho e uma demanda de mercado que antes não tinham. Com a nova movimentação e eventos maiores, as contratações de temporários também foram aquecidas. Em uma festa no Hangar, por exemplo, contratam cerca de 300 temporários. Já o BH Dance Festival, demanda cerca de 700. “E ainda movimentamos uma cadeia de transporte, hospedagem e alimentação muito maior”, observa. Para o BH Dance, por exemplo, o público esperado é de 15 mil pessoas. Dessas, cerca de 1,5 mil são turistas, calcula o empresário.

A equipe da RG Produções chega a movimentar até 1 mil freelancers em eventos como o Festival Brasil Sertanejo(foto: RG Produções/Divulgação)
A equipe da RG Produções chega a movimentar até 1 mil freelancers em eventos como o Festival Brasil Sertanejo (foto: RG Produções/Divulgação)

Para Guilherme Leonart Almeida, sócio da RG Produções, os grandes eventos estão movimentando exércitos de temporários. Ele presta serviços para a Nenety Eventos e outras empresas de produção de festas e shows. Para o Festival Brasil Sertanejo, em 5 e 6 de maio, por exemplo, a expectativa é contratar cerca de 1 mil profissionais para cada dia de evento. “Os fixos serão apenas uns 50”, conta.

Guilherme Almeida, que trabalhou 10 anos como freelancer dessas festas, calcula que vai atender de 30 a 40 eventos este ano. Um cadastro garante a mão de obra que, por sua vez, não dispensa a renda extra. “Muita gente vive só com esse tipo de emprego temporário, mas é um trabalho que pode ser arriscado, tendo em vista que não há garantias: se a pessoa fica doente, perde as oportunidades”, pondera o profissional, que há dois anos abriu sua própria empresa.

 

Concorrência maior, novações também


O gestor do Clube Chalezinho, Antônio Marcellini, confirma a alta nas festas e nas contratações de temporários. “Nossa equipe fixa tem cerca de 700 pessoas, mas sempre temos que chamar freelancers”, conta. E para otimizar os eventos da casa, ele adianta que vão fazer uma reforma para aumentar a capacidade da boate – de 1,5 mil para 2 mil pessoas. O investimento será da ordem de R$ 1 milhão e o Chalezinho ficará fechado de 14 de maio a 1º de junho. “Mas teremos novidades, áreas diferenciadas e também a possibilidade de promover eventos maiores”, conta.

Marcellini diz que a estratégia é importante para enfrentar a concorrência, que não para de se movimentar. “Temos que inovar sempre para o público que, apesar de gastar menos em eventos normais, não deixa de querer extravasar.”

Eduardo Fonseca precisa de pelo menos 400 pessoas para cada promoção da Casa da Insanidade(foto: Dudua's Profeta/Casa da Insanidade Mental/Divulgação)
Eduardo Fonseca precisa de pelo menos 400 pessoas para cada promoção da Casa da Insanidade (foto: Dudua's Profeta/Casa da Insanidade Mental/Divulgação)
Eduardo Fonseca, produtor de eventos e proprietário da Casa da Insanidade Mental, conta que nas festas que levam sua marca registrada contratam cerca de 400 freelancers. “Precisamos de gente para o bar, para caixas, seguranças, limpeza, músicos, equipe técnica de montagem de palco, luz e tal”, observa. Este é o número de profissionais temporários que deve contratar em sua próxima festa, em 13 de maio – para gravação do DVD do Hanoi Hanoi, que pretende fazer o público entrar no túnel do tempo.

Apesar de estar sempre no pique, o produtor, conhecido como Dudu ou Dyowzinho, diz que o trabalho anda complicado se não tiver patrocínio e lei de incentivo. Por isso, ele aposta em outros tipos de eventos, que também precisam de muitos temporários, como o Comida, diversão e arte, que será um festival gastronômico na Praça da Assembleia, marcado para 17 de junho. “Como vamos montar cozinha para atender 5 mil pessoas, devemos contratar mais gente ainda”, conta. Neste ano, além do evento, ele já tem prevista a promoção de duas tradicionais festas da Insanidade em Tiradentes

 


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