Um grupo de prefeitos e vereadores de cidades que ficam nas proximidades do Vetor Norte de Belo Horizonte foi ontem a Brasília pressionar os deputados federais mineiros para que garantam, junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o veto à volta dos voos com aviões de grande porte para o aeroporto da Pampulha. A decisão foi adiada por um pedido de vista no último dia 2 de maio, quando a maioria dos diretores da agência havia votado a favor da liberação das aeronaves maiores para a Pampulha. O grupo pretende não só garantir o último voto como mudar os demais.
“Falamos com vários deputados e tivemos apoios importantes”, afirmou o prefeito de Matozinhos, Antônio Divino de Souza (PMDB). Além dele, foram ao encontro os prefeitos de Confins, Vespasiano, São José da Lapa, Pedro Leopoldo e Lagoa Santa. O grupo está entregando um documento argumentando contra o retorno dos voos à Pampulha no gabinete de cada parlamentar.
Segundo o prefeito de Matozinhos, o retorno dos voos vai gerar prejuízo econômico aos municípios. “Somos a favor de Minas e de articular conexões. Temos o aeroporto de Confins como um indutor do desenvolvimento não só do Vetor Norte, mas de toda Minas Gerais. É a ligação do estado com o mundo”, afirma. De acordo com Antônio de Souza, a eventual mudança vai gerar desemprego nos municípios. Os prefeitos também falam em perda de voos internacionais e na expectativa de desenvolvimento da região.
Até o fim da tarde de ontem, o grupo, que tem também cerca de 30 vereadores, aguardava ser recebido pela diretoria da Anac. Além deles, um grupo de parlamentares da Assembleia também se articula contra a mudança. Na última reunião da Anac, quatro diretores votaram a favor da volta dos voos comerciais para a Pampulha. Na sequência, o presidente da Anac, Ricardo Botelho, fez um pedido de vista que adiou a decisão. Se confirmada, a medida afetará diretamente o aeroporto de Confins, que recebe hoje todos os voos comerciais de quem chega à capital mineira.
O retorno dos grandes aviões à Pampulha foi defendido pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS) em uma rede social. Desde então, a polêmica voltou à tona, com associações de moradores da Pampulha se mobilizando contra o retorno dos voos.
Visita
Na terça-feira, os deputados da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia de Minas se manifestaram contra a reabertura do aeroporto da Pampulha. O grupo visitou os aeroportos da Pampulha e de Confins para verificar as condições dos terminais. “O que é preciso pensar é em como reduzir o tempo de deslocamento até Confins. Não podemos retroceder nas conquistas alcançadas, temos é que avançar”, afirmou o deputado Gustavo Valadares (PSDB).
Os voos de grandes jatos foram transferidos para Confins desde 2005 e a Pampulha passou a receber aviões com capacidade máxima de 72 passageiros. Atualmente, o terminal conta com apenas uma companhia aérea que opera regularmente dois voos diários. As demais operações dizem respeito a fretamentos e aviação executiva. Caso ocorra essa liberação, o aeroporto poderia receber por semana até 155 pousos e decolagens de aviões do porte do Airbus A319, com capacidade para até 156 passageiros.