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Estado de Minas

Conheça cidades no Brasil que vivem sem banco e caixa eletrônico

Municípios do Rio Grande do Norte, para superar o problema causado pela explosão de caixas eletrônicos, aceitam somente cartões e recriam as antigas prosaicas cadernetas


postado em 22/05/2017 06:00 / atualizado em 22/05/2017 07:36

Praça principal de São Miguel do Gostoso (RN), cidade que teve duas das três agências bancárias alvos de explosões praticadas por bandidos(foto: Ivan Drummond/EM/D.A Press)
Praça principal de São Miguel do Gostoso (RN), cidade que teve duas das três agências bancárias alvos de explosões praticadas por bandidos (foto: Ivan Drummond/EM/D.A Press)

Pouca gente imagina os transtornos que a falta de bancos e caixas eletrônicos podem causar aos moradores de uma cidade ou seus visitantes. No Nordeste do país, em especial em São Miguel do Gostoso e Touros, no Rio Grande do Norte, a falta desses estabelecimento e dispositivos de conforto fez uma cidade se modernizar, enquanto a outra voltou ao tempo das cadernetas, fundamental para que o comércio não parasse. Na primeira, duas das três agências que existiam na cidade, do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF), foram explodidas no final do ano passado. Nesse caso, segundo comerciantes, era preciso uma solução que não deixasse o lugar, que vive do turismo, a receita do município, sem condições para continuar atuando. Proprietários e comerciantes se uniram, com apoio da prefeitura, para uma medida drástica: não quiseram mais os bancos e solicitaram, também, a retirada da agência lotérica local.

O mineiro Flávio Henrique Moura, de 39 anos, proprietário do restaurante Pantai conta a história curiosa. “Todo mundo se juntou para pedir a extinção dos bancos e também da lotérica. Isso era para afugentar ladrões. Trouxe ainda a vantagem de afastar traficantes de drogas, pois onde não há dinheiro, eles não ficam. E todos aderiram aos cartões. Em qualquer lugar que você vá, pode usá-los, tanto o de débito quanto o de crédito. Foi uma solução que nos trouxe sossego e tranquilidade.”

Flávio Henrique Moura, dono de restaurante, convive com o impasse(foto: Ivan Drummond/EM/D.A Press)
Flávio Henrique Moura, dono de restaurante, convive com o impasse (foto: Ivan Drummond/EM/D.A Press)
Mas, se por acaso o turista precisar de dinheiro, tem de ir à cidade mais próxima, Touros. Ao chegar ao município, é tomado de surpresa. Em frente ao prédio da Caixa, há uma carreta da instituição bancária. Lá dentro, três funcionários, um gerente e três atendentes. Só se consegue fazer transferências ou consulta de saldos. Os funcionários dizem que não existe a mínima chance de sacar dinheiro, pois esse não é mais colocado na máquina. Ao sair da carreta, logo perto há o prédio do banco, com a frente toda destruída. Lá dentro, só operários cuidando da reforma e recuperação. Um pouco mais à frente, a agência do BB está destruída, sem previsão de restauração. Bem em frente ao local, num posto de gasolina fica a única lotérica da cidade, onde tirar dinheiro é possível, desde que o sistema não esteja “fora do ar”. Há ainda uma agência do Bradesco, mas o funcionamento é também bastante irregular: das 11h ao meio-dia, o caixa eletrônico é reabastecido de dinheiro, sendo o atendimento interrompido.

CADERNETA
Mas o reflexo maior da destruição feita pelos ladrões pode ser sentida no comércio. Em qualquer loja que se vá, na hora de fazer o pagamento do bem adquirido, a surpresa: “só aceitamos dinheiro”. À exceção dos restaurantes à beira da praia, o comércio não trabalha com cartões e não aceita cheques. Na cidade, compras apenas com dinheiro. Mas existe uma área comercial que driblou a falta de dinheiro em Touros. São os supermercados e mercearias. O movimento grande chama a atenção. Mas como estão fazendo para receber as comparas se não há dinheiro na cidade? O caixa tem a resposta na ponta da língua: “No nosso caso, temos agora cadernetas. Passamos as compras e anotamos cada um dos itens. Em alguns casos, as pessoas têm cartões bancários. Mas são poucas. Na maioria, são os caderninhos”. Ele diz isso e uma freguesa lhe entrega a caderneta para anotar as compras.

Essa cliente não resiste e entra na conversa. “O pior é que a gente tem de ir a Natal, distante 120 quilômetros, para retirar dinheiro, pelo menos uma vez por mês, pois só no supermercado que a gente usa a caderneta. Na distribuidora de gás, nos açougues e outras lojas precisamos ter dinheiro.” Em Touros, as agências foram explodidas em 3 de abril último. A Caixa estima que sua agência esteja funcionando novamente no início de junho, mas o Banco do Brasil não tem qualquer previsão.


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