FGV: Consumidores de renda mais alta já esperam inflação de 5,4% em 12 meses

Rio, 23 - As famílias de renda mais alta estão ajudando mais a arrefecer as expectativas de inflação dos brasileiros. A mediana da inflação esperada pelos consumidores para os próximos 12 meses ficou em 7,1% em maio, um recuo de 0,4 ponto porcentual em relação ao resultado de 7,5% verificado em abril. No entanto, entre as famílias que recebem acima de R$ 9.600,00 mensais, a expectativa de inflação foi de apenas 5,4% em maio, contra uma taxa de 5,8% em abril.

Os dados foram divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), dentro do Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores. Na faixa de renda mais baixa - que recebe até R$ 2.100,00 mensais - também houve acentuada melhora, mas os consumidores ainda esperavam uma inflação de 8,5% em maio, ante um resultado de 9,8% em abril.

"Essas famílias de renda mais alta estão antecipando a queda na expectativa de inflação. São famílias que acompanham mais as notícias, normalmente com mais escolaridade, por isso já estão prevendo uma inflação menor para o futuro. A tendência do indicador é continuar caindo", avaliou o economista Pedro Costa Ferreira, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).

O resultado global de maio caiu ao menor patamar desde agosto de 2013, quando a expectativa para a inflação em 12 meses estava em 7,0%. "Pode ser que a próxima leitura venha ainda menor. O esperado era que chegasse ao nível de 7% e estacionasse, mas continua caindo. O indicador pode chegar a 6,8%, para depois oscilar nesse patamar, até uns 7,2%", previu Ferreira.

O pesquisador explica que é natural que as estimativas para a inflação fiquem um tempo estacionadas depois de já terem recuado muito.

O Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores é obtido com base em informações da Sondagem do Consumidor, que ouve mensalmente mais de 2,1 mil brasileiros em sete das principais capitais do País. Aproximadamente 75% dos entrevistados respondem aos quesitos relacionados às expectativas de inflação.

(Daniela Amorim)