Viena, 29 - Ewald Nowotny, membro do conselho diretor do Banco Central Europeu (BCE), disse hoje que é potencialmente perigoso ver o mundo em termos que sugerem que os ganhos de um país representam as perdas de outro.
O comentário vem num momento em que economistas defendem a crença nos benefícios do comércio livre diante de movimentos populistas em alguns grandes países contra acordos de comércio liberais.
Nowotny, que também é presidente do banco central austríaco, disse que "um dos motivos para expectativas sombrias na Europa é a percepção geral de que estamos prestes a ser superados por economias emergentes em forte expansão."
Segundo Nowotny, a renda per capita da União Europeia continua a ser uma das mais altas do mundo, embora a fatia do bloco na economia mundial esteja tendendo a diminuir.
"Ver a economia do mundo como um experimento onde a expansão de um país resulta em perdas para os demais é uma impressão equivocada que pode se tornar perigosa se formar a base da formulação de políticas internacionais", disse Nowotny, durante discurso em Viena.
De acordo com Nowotny, o crescimento dos mercados emergentes nas últimas décadas ocorreu em linha com a expansão da economia mundial. "Num ambiente assim, uma fatia menor na economia mundial não significa perda da prosperidade. Afinal, a economia global não é um jogo de soma zero."
O presidente dos EUA, Donald Trump, tem feito duras críticas aos acordos de comércio internacionais, que, segundo ele, prejudicam empresas e trabalhadores americanos. Durante a campanha eleitoral do ano passado, por exemplo, Trump classificou o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, pela sigla em inglês) de "desastre" e prometeu renegociá-lo.
Nowotny também rejeitou a ideia de que a economia esteja presa num padrão de fraco crescimento de longo prazo, ou "estagnação secular", como afirmou recentemente o ex-secretário do Tesouro americano Larry Summers. Fonte: Dow Jones Newswires.