São Paulo – A proximidade de uma semana de agenda intensa e importante trouxe maior procura por posições defensivas no mercado de câmbio ontem. O dólar, que chegou a cair pela manhã, consolidou tendência de alta no período da tarde, refletindo a cautela do investidor diante de um ambiente de incertezas e especulações em torno do cenário político doméstico. O dólar à vista terminou o dia com ganho de 0,26%, aos R$ 3,2540, depois de oscilar entre a mínima de R$ 3,2212 (-0,75%) e a máxima de R$ 3,2591 (+0,41%). Apesar da alta do dia, a moeda terminou a semana em queda de 0,41%.
“O mercado precificou nos últimos dias uma semana pesada a partir de segunda-feira, que contará com votação da reforma trabalhista e julgamento da chapa Dilma-Temer, entre outras definições. Mas o que mais tem preocupado é a possibilidade de prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e a possibilidade de ele acertar um acordo de delação premiada”, disse Para Ricardo Gomes da Silva, diretor da Correparti.
A prudência citada pelo profissional baseia-se no pedido de prisão de Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente Michel Temer, feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A decisão está nas mãos do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). No período da tarde, as especulações em torno desse e de outros assuntos relacionados à crise política levaram o dólar à máxima do dia, pouco depois das 15h. Entre os rumores esteve a possibilidade de surgimento de novos áudios comprometendo integrantes do governo e de novos acordos de delação premiada.
Bovespa A bolsa acelerou levemente os ganhos na última hora do pregão ontem, após passar o dia entre altas e baixas. As oscilações, segundo operadores, ocorreram diante do baixo giro financeiro, de R$ 6,45 bilhões, nível que representa cerca de dois terços da média que vinha sendo registrada até a semana passada. O Ibovespa fechou em alta de 0,36%, aos 62 510,69 pontos. Na semana, acumula baixa de 2,46%.
Para Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset, a uma hora do término da sessão de negócios, os investidores enxergaram oportunidades de compras, principalmente em ações que estão bem abaixo de seus preços-alvos, que não apenas as blue chips. “Foi uma semana na qual o Ibovespa buscou os 63 mil pontos, mas, após o evento JBS, há um suporte forte nesses níveis que estamos vendo agora”, disse.
De acordo com um operador, os estrangeiros mostraram menos interesse para entrar na bolsa nestes dois primeiros dias de junho. De acordo com a B3, no último dia do mês de maio, os investidores não-residentes retiraram R$ 666,514 milhões, interrompendo, assim, a sequência de nove pregões consecutivos de ingressos. O saldo acumulado de recursos estrangeiros fechou maio positivo em R$ 2,147 bilhões, resultado de compras de R$ 108,402 bilhões e vendas de R$ 106,254 bilhões. No acumulado de 2017, o fluxo de recursos estrangeiros também estava positivo em R$ 5,659 bilhões.