(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

BH vai ganhar mais espaço para trabalhos voltados para a economia criativa

Em julho, um dos andares do prédio número 4.000 da Avenida Afonso Pena, no Bairro Anchieta, na Região Centro-Sul, passará a respirar criatividade


postado em 04/06/2017 00:12 / atualizado em 04/06/2017 08:08

Economia criativa ganha espaço na capital mineira. Em julho, um dos andares do prédio número 4.000 da Avenida Afonso Pena, no Bairro Anchieta, na Região Centro-Sul, passará a respirar criatividade. Será inaugurado o P7 Criativo, que vai reunir empresas e entidades ligadas à economia criativa e à inovação. A iniciativa mostra a força do setor em Minas. O espaço contará com coworking, laboratórios, auditório e área para receber empresas inovadoras e de alta intensidade tecnológica nos segmentos do design, moda, software, games e audiovisual, entre outros.

Fazem parte do projeto o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e do governo estadual, além da Fundação João Pinheiro (FJP). “A ideia é possibilitar um melhor ambiente de negócios e promover a conexão entre diversos atores da economia criativa”, explica o superintendente de desenvolvimento industrial da Fiemg, Marcos Mandacaru.

Em outubro de 2018, a previsão é transferir o P7 para o antigo prédio do Bemge, na Praça Sete, construído em 1953, com projeto de Oscar Niemeyer. “Serão 25 andares de economia criativa”, afirma Mandacaru.

O Beagá Cool, rede de negócios criativos, também está à caça de espaços ociosos na cidade para abrigar empreendedores locais. A iniciativa conecta empresas e projetos que sejam criativos, originais, ousados e locais, daí a sigla COOL. A palavra inglesa “cool”, cujo significado é legal, acaba sendo também característica comum entre os participantes da rede, que dá ainda suporte para os participantes nas suas demandas administrativas e de gestão.
'Em comum, estão todas (as empresas) querendo transformar o mercado localmente e não querem o lucro pelo lucro', Sérgio Souto, sócio do Beagá Cool(foto: FOTOS: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
'Em comum, estão todas (as empresas) querendo transformar o mercado localmente e não querem o lucro pelo lucro', Sérgio Souto, sócio do Beagá Cool (foto: FOTOS: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

“Viramos uma rede de empresas da economia criativa. Em comum, estão todas querendo transformar o mercado localmente e não querem o lucro pelo lucro”, afirma um dos sócios, Sérgio Souto. Dois exemplos são o café coworking Guaja e o Transvest, cursinho pré-vestibular voltado para transexuais. Na origem, entretanto, o Beagá Cool nasceu como um movimento para valorizar iniciativas cools de BH. “Queríamos quebrar o discurso de que BH não tem nada”, lembra.

Foi num espaço cultural colaborativo, a Benfeitoria, galpão na Rua Sapucaí, no Bairro Floresta, Região Leste de BH, que muitos desses empreendedores criativos começaram a aparecer. Inaugurado em 2014, o espaço é coletivo e está aberto para feiras, shows, cursos, palestras, cinema e tudo que esteja relacionado à criatividade.
'Estamos abertos para receber o novo. Tanto é que não temos uma curadoria rígida, porque a ideia é testar novos negócios e eventos', Jordana Menezes, sócia da Benfeitoria(foto: FOTOS: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
'Estamos abertos para receber o novo. Tanto é que não temos uma curadoria rígida, porque a ideia é testar novos negócios e eventos', Jordana Menezes, sócia da Benfeitoria (foto: FOTOS: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

"Estamos abertos para receber o novo. Tanto é que não temos uma curadoria rígida, porque a ideia é testar novos negócios e eventos”, conta uma das sócias, Jordana Menezes, que largou uma agência de publicidade para se dedicar à Benfeitoria. O espaço também foi um dos primeiros a promover feiras de marcas locais, que produzem artesanalmente e em baixa escala. “Foi uma forma de impulsionar os produtores”, conta.

AMBIENTE

Na análise de especialistas, BH reúne elementos favoráveis à expansão da economia criativa. “Há uma presença conjunta de universidade, segmentos e instituições voltadas para tecnologia. Estudos também apontam ser uma cidade com maior natureza colaborativa do que competitividade”, afirma a professora do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Flávia Machado.

Levantamento feito pela pesquisadora mostra que, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a economia criativa inclui 5.607 empresas, 4.0167 vínculos empregatícios, além de 17.218 microempreendedores individuais. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, e do Portal do Empreendedor.

“Em comum, estão todas  (as empresas) querendo transformar o mercado localmente e não querem o lucro pelo lucro”
- Sérgio Souto, sócio do Beagá Cool

“Estamos abertos para receber o novo. Tanto é que não temos uma curadoria rígida, porque a ideia é testar novos negócios e eventos”
- Jordana Menezes, sócia da Benfeitoria

Daqui para o futuro

É preciso desatar os nós burocráticos


O termo economia criativa apareceu no início dos anos 1980, em um relatório publicado pela ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, em que ela destacava a importância de áreas ligadas à tecnologia e à criatividade para o crescimento econômico da região. Em 2001, o livro The Creative Economy, do autor inglês John Howkins condensou os debates. Aos poucos a expressão foi se popularizando em outros mercados, mas sob a guarda de diferentes departamentos governamentais, a exemplo dos de economia, turismo e cultura. O Brasil optou, em 2011, por essa última alternativa, quando foi criada a Secretaria da Economia Criativa, no guarda-chuva do Ministério da Cultura. São empreendimentos, individuais ou coletivos, dos setores de moda, arquitetura, arte, design, gastronomia, cultura, artesanato, música e jogos eletrônicos.

Negócios disruptivos, entretanto, têm dificuldades de se enquadrar nas regras tradicionais. Ideias morrem na primeira reunião com contadores. Projetos são derrubados pelo juridiquês. Quando saem do papel, veem seu orçamento previsto para investimento ser consumido por impostos e taxas. Atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do capital intelectual, que geram trabalho e renda, precisam de mais atenção por parte do poder público e de instituições que têm condições de alavancar o setor. O futuro só será de fato promissor se nós burocráticos forem desatados.


Paola Carvalho,
da coluna Fora da Caixa do Estado de Minas


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)