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Estado de Minas

Empreendedores mostram que uma boa ideia pode fortalecer a economia local

Longe do emprego tradicional, legião de criativos ainda leva em conta o caráter social e sustentável do negócio


postado em 04/06/2017 00:12 / atualizado em 04/06/2017 08:09

 

O que é possível fazer com uma ideia na cabeça? Uma geração de empreendedores mostra ser esse o ponto de partida para criar negócios e produtos inovadores, fortalecer a economia local e ainda mudar a realidade de Belo Horizonte. Chamados de makers locais ou, no bom português, fazedores locais, essa legião de criativos leva à máxima potência a cultura do “faça você mesmo”, preocupa-se com o propósito social e sustentável do trabalho e quer distância de empregos tradicionais.

Cada um do seu jeito, todos determinados a fazer diferente, eles já são centenas e têm ocupado a cidade em feiras e espaços compartilhados. É o design gráfico Luiz que resolveu confeccionar cadernos costurados a mão, é a designer Mariana que criou uma marca de roupas infantis estampada com histórias, a jornalista Ana Paula que virou marceneira tecnológica.

E também a arquiteta que começou a produzir adubos para plantas de apartamento. As filhas que reativaram o ateliê de porcelanas da mãe, dando um toque moderninho às peças. As farmacêuticas que têm uma linha de cosméticos naturais. Apenas na próxima semana, haverá pelo menos cinco feiras de produtores locais em BH, reunindo empreendedores da moda, gastronomia, botânica, design, decoração e o que mais a imaginação alcançar.

Esse movimento crescente em BH se insere na economia criativa, conceito usado para englobar atividades e negócios que tem na criatividade o seu eixo propulsor. Os campos mais habituais são arquitetura, design, gastronomia, moda, música, artes e novas tecnologias.

“São segmentos econômicos em que a criatividade, conhecimento e capital intelectual fazem a diferença. É a mente de obra, e não mão de obra. A lógica dessa geração é da abundância, em que há espaço para todo mundo e a criatividade não tem fim. Sempre se busca um jeito novo de fazer negócio”, afirma a analista responsável em economia criativa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), Regina Faria.

Trata-se de um segmento em expansão mundial. Relatório das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento de 2013 mostra que atividades da economia criativa respondem por 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 40 países. No Brasil, os números são incipientes.

De acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), divulgado em dezembro de 2016, a economia criativa correspondeu a 2,64% de toda a riqueza produzida no país em 2015. Em 2013, esse número era de 2,54%. O documento aponta ainda que, enquanto o PIB nacional cresceu 36,4% entre 2003 e 2013, no caso da indústria criativa , o avanço foi de 70%, com mais de 851 mil pessoas em atuação no setor.

1001 IDEIAS


Se considerados então os chamados fazedores locais, essas estatísticas são ainda mais imprecisas. Embora os números sejam desconhecidos, a força desse movimento é inegável. Inaugurada em 2015, a loja Mooca reúne produtos de designers, arquitetos, estilistas e criativos em geral, todos produtores de BH. Nos cinco processos seletivos para fazer parte da loja, a Mooca já recebeu mais de 1 mil inscrições. Os participantes dividem tudo: dos custos do espaço às prateleiras.

À frente da iniciativa estão as sócias Fabiana Soares e Marina Montenegro, duas mentes criativas cansadas do mercado tradicional. Em 2015, elas perceberam a efervescência de pessoas buscando atividades “fora da caixa” e afeitos à produção artesanal. Assim surgiu a loja colaborativa. “O maker local é o artesão contemporâneo. Ele mesmo faz, concebe, planeja e realiza. Coloca a mão na massa com toda a tecnologia disponível”, explica Marina.

Além de loja, a Mooca passou a ser uma aceleradora de makers, ajudando no processo de desenvolvimento de produtos e marcas e na gestão dos negócios. Atualmente, 67 marcas participam da Mooca. “Muitas vezes, eles têm a bagagem de criatividade, mas não têm planejamento. Damos um treinamento empreendedor”, afirma Fabiana.

CUMBUCA


A Cumbuca Marcenaria surgiu de um problema. O casal Ana Paula e Eduardo Araújo, de 33 e 34 anos, havia acabado de comprar o apartamento e não tinha dinheiro para os móveis. Ambos do interior de Minas, nascidos em famílias de gente talentosa em trabalhos manuais, eles arriscaram e fizeram uma estante, um rack e um bufê. A Cumbuca veio do desejo de fazer desse prazer uma profissão.
(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

Com maquinário tecnológico, eles produzem na marcenaria letreiros em madeira e itens como porta-celular, porta-maquiagem, suporte de computador e outros objetos cheios de design. Depois de a Cumbuca ser selecionada para a Mooca, Ana Paula largou o jornalismo e resolveu apostar na vida de “fazedora”. “A Cumbuca é um reencontro de propósito. Meu pai construiu a casa com a mão. Minha mãe é costureira. E, sem dedicação, este seria sempre nosso plano B”, conta Ana Paula, feliz da vida em transformar a atividade em plano A.

AGORA EU ERA HERÓI


Depois que virou tia, a designer de produtos Mariana Matias, de 22, percebeu a dificuldade de encontrar roupas que remetessem à brincadeira e aos personagens brasileiros. Essa necessidade virou seu trabalho final de graduação, que deu origem à Agora eu era herói, marca de roupas infantis que contam histórias. Cada estampa criada é acompanhada por uma fábula, inspirada em paisagens e personagens mineiros. A vaquinha Catarina, a galinha Chiquinha, o trem, o quintal.
(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

“Trouxemos esse universo lúdico com conforto. A inovação está no resgate do simples. Isso leva a um encantamento”, ressalta Mariana, que tem a mãe, Rosélia Matias, de 54, como sócia. A preocupação social e ambiental está no DNA da marca, que prioriza fornecedores locais e está testando usar mão de obra de mulheres presas. “Essa rede produtiva local remunera muita gente. Uma porcentagem das vendas também vai para projetos sociais que produzem enxovais”, afirma Mariana.

LIBRETTO


Em 2011, ainda na faculdade, um professor do designer gráfico Luiz Marcatto, de 28 anos, pediu que os alunos separassem para a disciplina um caderno com que se identificassem. Luiz não encontrou, olhou na internet um tutorial “faça você mesmo” de encadernação artesanal e encontrou um nicho de mercado. Fez o seu próprio caderno e não parou mais. Em cinco anos, a Libretto, especializada em cadernos e cadernetas feitos a mão, produz, em média, 12 mil unidades ao ano.
(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

As capas têm uma estética retrô, com a reprodução de disquetes, fitas cassete e de vídeo. “Fizemos uma ressignificação de coisas que não se usam mais”, explica. Hoje, Luiz e a sócia, Rafaella Queiroz, já contam com três funcionários e uma rede de parceiros locais e sustentáveis. O papel vem de madeira de reflorestamento, os fornecedores são preferencialmente de BH. “Cada real que a pessoa investe nos nossos cadernos está estimulando a economia local. Não trabalhamos só para ganhar dinheiro. Queremos uma integração com a comunidade”, afirma.

FEIRAS DE “FAZEDORES” LOCAIS


>> 4/6 – HOJE

O Cluster

Das 14h às 21h, a feira que reunirá moda, arte, música, design, gastronomia. Contará com a Feira Fresca, com alimentos orgânicos, agroecológicos e artesanais de pequenos produtores.
Casa Bernardi (Rua Conde de Linhares, 308 – Cidade Jardim)

>> 8/6 – Quarta-feira

Feira de Tudo


Das 10h às 15h, roupas, comidas, artesanatos, brechós, plantas, papelaria de marcas locais vendidos direto pelo produtor. Essa edição ocorre no Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFMG. Avenida Alfredo Balena, 190 – Santa Efigênia.
>> 9/6 – Sexta-feira

Feira de Tudo + Dia de Feira

Das 9h às 19h, 63 produtores locais da moda, design, arquitetura e gastronomia estarão reunidos na Praça da Escola de Aquitetura da UFMG. Também haverá show no palco Dia de Feira.
Rua Gonçalves Dias, 697 – Funcionários

>> 10/6 – Sábado

Feira Fresca na Casa Leopoldina

Das 9h às 15h, você vai encontrar alimentos produzidos pelos próprios expositores.
Rua Leopoldina, 357 – Santo Antônio

Feira da Benfeitoria – Namoradxs

Das 11h às 19h, reúne produtores locais
com opções criativas de presente para o
Dia dos Namorados.
Rua Sapucaí, 153 – Floresta

>> 11/6 – Domingo

Circuito Santô

Das 10h às 18h, feirinha de produtores
locais, show de bandas locais, lambes das personalidades do bairro, escalada
de bicicleta pela Rua Leopoldina,
com campeonato de subida.
Rua Congonhas, Santo Antônio


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