São Paulo, 03 - Quem optou por jantar nesta sexta-feira, 2, no restaurante do tradicional Hotel Toriba, em Campos do Jordão (SP), se deparou no cardápio com um prato inusitado. A sugestão especial do chef foi um filé acompanhado de risoto de cogumelos, batizado de “Friboi Free”.
O prato foi criado especialmente para reforçar o protesto do empresário Aref Farkouh, sócio do hotel, contra o grupo JBS, dono do frigorífico Friboi, comandado por Joesley Batista, alvo de denúncias de corrupção.
Desde o dia 25 de maio, uma semana após as delações de Joesley, Farkouh decidiu suspender a compra de produtos da empresa, basicamente carne bovina resfriada. O hotel comprava cerca de 900 quilos de carne da JBS por mês e também laticínios. A ordem dada pelo empresário foi buscar fornecedores locais. “O que eu comprava da JBS é irrelevante perto do que eles faturam. É uma mixaria”, admite Farkouh. Mas ele acredita que se outras empresas suspenderem as compras e o boicote for engrossado por consumidores, isso poderá servir de lição para a JBS e outras empresas, que vão pensar duas vezes antes de tomarem condutas antiéticas.
A indignação do empresário contra os produtos do grupo JBS também foi constatada entre os consumidores de uma rede de supermercados na capital paulista. Segundo o diretor da rede, que prefere o anonimato, houve casos de clientes que pediram para entrar na geladeira da loja para conferir se a carne não era da marca Friboi. Apesar de a rede varejista informar que não comprava carne da JBS, os clientes não acreditaram e quiseram se certificar de que não estavam sendo enganados.
“A reputação da marca e da empresa foi ferida seriamente”, afirma Jaime Troiano, sócio da TroianoBranding, consultoria especializada em gestão de marcas. Neste momento, o especialista diz que ainda é difícil avaliar o impacto nas vendas. “O consumidor está boicotando e hoje esse movimento é muito mais rápido do que seria anos atrás, por causa do efeito das redes sociais.” Troiano acredita que para recuperar a reputação da marca e da empresa será necessário um “choque de gestão”, semelhante ao que houve na Petrobras.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Márcia De Chiara)