Brasília, 22 - As geradoras de energia estão mais bem preparadas para enfrentar os efeitos da seca neste ano, avalia a Moody's. Ainda que o período seco traga dificuldades para as companhias, elas estarão em situação melhor do que nos anos de 2014 e 2015 devido a mudanças regulatórias.
Mudanças promovidas pelo governo e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permitiram às empresas compartilhar o risco hidrológico com os consumidores, em troca do pagamento de um seguro, destacou a agência de classificação de risco.
Com o mecanismo, as geradoras que atendem as distribuidoras estão protegidas caso o risco hidrológico supere 11%. Nesse cenário, a diferença é paga por meio do sistema de bandeiras tarifárias, que inclui um valor para cobrir essas situações.
"Embora uma potencial seca não deixe de ser negativa para as empresas de geração hidrelétricas brasileiras, o impacto provavelmente será menor que o registrado em 2014 e 2015", afirmou Bernardo Costa, vice-presidente e analista sênior da Moody's.
A agência destacou ainda que companhias com portfólios de geração mais diversificado estão mais preparadas para enfrentar cenários adversos. É o caso da Statkraft Energias Renováveis S.A. (Ba3/A1.br estável) e CPFL Energias Renováveis S.A. (Ba3/A2.br estável), que possuem também usinas eólicas entre seus ativos.
Empresas que criaram um colchão e venderam uma quantidade de energia menor do que sua garantia física também vão se beneficiar do cenário, uma vez que podem liquidar as sobras no mercado de curto prazo. Nesse sentido, de acordo com a agência, Cemig Geração e Transmissão S.A.(B2/Ba1.br negativa) e Rio Paranapanema (Ba2/Aa1.br negativa) estão entre as companhias mais expostas devido a um colchão menor e à concentração de fontes hídricas em seus portfólios.
"De acordo com a agência, as geradoras com portfólios concentrados em fontes hídricas encerraram o ano passado com um índice de cobertura de juro médio de aproximadamente 65% dos níveis de 2013/2014, o que demonstra o efeito das secas de 2014 e 2015 sobre os colchões para serviço de dívida das companhias", afirma a agência.
(Anne Warth)